Título: Lula diz que não deixará esqueletos para próximo governo
Autor: Lacerda, Ângela ; Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2010, Economia, p. B10

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que seu governo vai chegar ao final, em dezembro, e não deixará "esqueletos" para o sucessor.

Em entrevista a uma emissora de rádio, em Aracaju, o presidente evitou dizer se vai ou não vetar o projeto aprovado no Congresso que concede aumento de 7,72% aos aposentados que ganham mais de um salário mínimo, mas deixou claro que o temor é criar novos buracos financeiros nas contas públicas.

"Estou pagando quase R$ 7 bilhões por ano de esqueleto na Previdência por causa do Plano Bresser, por causa do Plano Verão, por causa do Plano Collor, por causa do plano não sei das quantas. Não quero deixar esqueleto", disse Lula. "Quero fazer as coisas acontecerem da melhor maneira possível e não quero comprometer quem vier depois de mim. Quero que pegue um País mais acertado e com muito mais expectativa e esperança. Portanto não brincarei em serviço", completou.

Diante da insistência para dizer, então, se vai ou não vetar o reajuste, o presidente avisou que vai fazer aquilo que acha que deve fazer. "Se eu tiver de dizer não, vou dizer não e vou para a televisão explicar porque vou dizer não e vou dizer porque foi irresponsável alguém votar alguma coisa comprometendo o próximo governo."

Recado. O presidente Lula aproveitou para mandar um recado ao Congresso sobre medidas que estão sendo votadas, aproveitando o momento eleitoral. "As pessoas, muitas vezes, pensam que votar facilidades, votar benesses ajuda eleitoralmente. Não ajuda".

Na sua avaliação, "o povo está compreendendo que o momento que o Brasil está vivendo é outro, e não se pode perder a seriedade com a estabilidade econômica, com o controle da inflação e com o crescimento sustentável que nós queremos para 10 anos ou 15 anos".

Um desses projetos com nova "benesse" está para ser votado no Congresso Nacional: é o reajuste para os servidores do Senado.

O impacto do aumento deve chegar a R$ 379 milhões no ano que vem, segundo afirmou o diretor-geral da Casa, Haroldo Tajra. Para o segundo semestre deste ano, o aumento da folha de pagamento será de 8,5% -R$ 188 milhões. Em 2011, vai a 17%. A folha de pagamento do Senado em 2010 é de R$ 2,2 bilhões.