Título: Bibi cancela encontro com Obama e ONU se reúne
Autor: Watkins, Nathalia
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2010, Internacional, p. A8

EUA assumem posição dúbia ao lamentar as mortes, mas criticar expedição de ativistas pró-palestinos

O premiê de Israel, Binyamin "Bibi" Netanyahu, cancelou um encontro que teria hoje na Casa Branca com o presidente dos EUA, Barack Obama. Ele deixou o Canadá para retornar diretamente a Jerusalém. A decisão foi tomada depois da morte de dez pessoas da flotilha interceptada pelos israelenses.

No Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York, alguns dos países membros, como a Turquia, condenaram duramente a ação israelense. Depois de todos os 15 membros, permanentes e rotativos, darem declarações em uma reunião aberta, os diplomatas se deslocaram para uma sala fechada onde negociariam uma declaração sobre o episódio.

Havia divergências sobre como deveria ser o texto. Alguns países, como a Turquia e o Líbano, exigiam uma dura condenação de Israel. Os EUA preferiam não endurecer o tom contra os israelenses.

Obama, de acordo com pela Casa Branca, conversou com Netanyahu. "Ele disse entender a decisão do premiê Netanyahu de retornar imediatamente para Israel para lidar com os eventos de hoje", disse o comunicado, referindo-se à operação israelense em águas internacionais.

Desavenças. Segundo o governo americano, "o presidente lamentou profundamente pela perda de vidas no incidente e manifestou preocupação diante dos que estão feridos", em um sinal de que o governo americano quer evitar um novo choque com os israelenses.

A relação entre os EUA e Israel deteriorou-se nos últimos meses por causa de diferenças sobre fim da expansão de assentamentos na Cisjordânia, apesar de os americanos ainda considerarem os israelenses seus principais aliados no Oriente Médio.

Segundo a Casa Branca, na conversa por telefone com Netanyahu, o presidente americano "expressou a importância de saber todos os fatos e circunstâncias diante dos eventos o mais cedo possível".

No Conselho de Segurança, o embaixador suplente dos EUA, Alejandro Wolff, defendeu uma "investigação crível e transparente" do episódio por Israel. Além disso, ele criticou a iniciativa da flotilha de furar o bloqueio israelense.

"A entrega direta da ajuda pelo mar não é apropriada nem responsável e, certamente, não é eficiente nessas circunstâncias", disse o diplomata.