Título: Vegetação cobre 17% do Estado de São Paulo, diz mapeamento
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/03/2010, Vida, p. A20

Estudo do governo estadual foi feito com base em imagens do satélite Alos e ficou pronto em 15 meses

O governo de São Paulo acaba de concluir um mapeamento que mostra que 17,3% do território do Estado é coberto por vegetação. O dado é baseado em imagens de satélite dos anos 2008 e 2009. A informação foi apresentada ontem pelo secretário estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano.

O levantamento anterior, publicado em 2005 a partir de dados de 2001 e 2002, mostrava uma cobertura vegetal de 13,9%. Mas não é possível dizer que a diferença entre os 4,3 milhões de hectares vistos agora e os 3,4 milhões de hectares de vegetação observados anteriormente seja um crescimento real de florestas em São Paulo. Isso porque os pesquisadores utilizaram dessa vez imagens de satélite quatro vezes mais detalhadas, que enxergaram mais áreas verdes. É como se antes as imagens fossem embaçadas e, agora, tivessem ficado mais nítidas.

Em vez do satélite sino-brasileiro Cbers foi usado o japonês Alos. Com a melhora da escala, houve ganho de áreas verdes nas bordas dos polígonos que já eram vistos, o que levou a um incremento de 345,7 mil hectares de vegetação.

Áreas verdes menores que três ou quatro hectares, que não eram detectadas pelo Cbers, também puderam ser incluídas agora. Esses novos fragmentos somaram mais 445,7 mil hectares de vegetação.

A estimativa dos pesquisadores é que o aumento real de áreas verdes - tirando, portanto, as que apareceram só agora por deficiências de visualização anteriores - tenha sido de 94,9 mil hectares.

"O próximo passo será localizar as áreas", disse Marco Nalon, que coordenou o inventário florestal. O mapa foi feito por 16 especialistas.

Publicidade. Apesar de o secretário e os pesquisadores terem cuidado ao falar em crescimento da área verde no Estado, um comunicado da pasta à imprensa informava que "a cobertura vegetal do Estado aumentou em quase 1 milhão de hectares". "Essa forma de comunicar não está certa. O que aumentou foi a capacidade de mapeamento", afirmou ontem Marcia Hirota, da Fundação SOS Mata Atlântica.

Tanto ela quanto o pesquisador Flavio Ponzoni, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), veem um aspecto positivo no mapeamento mais detalhado: o Estado terá maior capacidade agora para fiscalizar desmates.