Título: Explosões marcam eleições no Sri Lanka
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2010, Internacional, p. A17

A primeira eleição presidencial do Sri Lanka depois do fim da guerra civil, no ano passado, foi marcada ontem por explosões nas regiões norte e leste do país, onde o governo diz ter derrotado os Tigres de Libertação do Eelam Tâmil (LTTE, na sigla em inglês) em um conflito que deixou cerca de 100 mil mortos e durou 34 anos.

Os dois arquitetos da vitória militar cingalesa, o atual presidente, Mahinda Rajapaksa, e seu braço direito, Sarath Fonseka, que comandou o Exército na ofensiva final, disputam a presidência.

Analistas dizem que a vitória será por uma estreita margem e, ironicamente, pode depender dos votos da minoria tâmil, que tende a votar em Fonseka. O atual presidente - eleito pela primeira vez em 2005, logo após o tsunami que devastou parte do Sudeste Asiático - tem, entretanto, ligeira vantagem.

Ontem, representantes de Rajapaksa pensaram em contestar a candidatura de Fonseka na Justiça. O general, por sua vez, acusou a autoridade eleitoral de suprimir seu nome de algumas listas de votação. Grupos de direita acusam Rjapaksa de ter usado fundos públicos na campanha.

ATAQUES

As explosões de ontem não deixaram feridos, mas mostraram que os ressentimentos dos tâmeis continuam. A etnia compõe 18% da população do Sri Lanka, uma ilha do Oceano Índico pouco maior do que o Estado de Sergipe.

Os tâmeis acusam a maioria cingalesa de segregação. Encastelados no poder desde a independência do Sri Lanka, em 1948, os cingaleses monopolizam os mais importantes cargos públicos.

Em 1965, o cingalês foi decretado idioma oficial, apesar de um quarto dos habitantes do país ser de outros grupos étnicos. Em resposta, vários grupos rebeldes surgiram nos anos 70, dos quais o mais importante foi o LTTE.