Título: Agência prevê desvalorização do real
Autor: Ruhman, Carolina
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2008, Economia, p. B3

Piora no desempenho da balança comercial e na conta corrente pode levar à depreciação da moeda, diz a S&P

A diretora para ratings soberanos da Standard & Poor¿s, Lisa Schineller, afirmou ontem acreditar que o real vai se enfraquecer este ano, apesar do fluxo de capitais que o grau de investimento deve trazer. ¿Nós teremos uma depreciação por causa da conta corrente, que deve cair para um saldo negativo, e da balança comercial, que está caindo basicamente para a metade¿, disse.

A diretora também aposta em uma desaceleração da economia brasileira neste ano, para algo em torno de 4% a 4,5%, um ritmo mais próximo do que considera a taxa potencial de crescimento do País. ¿O crescimento de 5,4% do ano passado não deve se repetir este ano.¿

Apesar da previsão, Lisa vê fundamentos mais fortes na economia interna, como uma orientação ¿pragmática¿ da política econômica, o compromisso com o combate à inflação, os planos de reajustar a conta fiscal e o amadurecimento das instituições. ¿Pragmática, razoavelmente transparente e previsível, mas ainda não é perfeita¿, ressaltou. ¿Mas é boa o suficiente para dar suporte a este nível de dívida na categoria `BBB-¿¿. Na quarta-feira, a agência de classificação de risco elevou o rating em moeda estrangeira de longo prazo do Brasil de ¿BB+¿ para ¿BBB-¿, o primeiro nível na escala de grau de investimento. Para ela, a atitude do Banco Central de elevar os juros em 0,5 ponto porcentual em abril ¿reforça sua independência operacional, que é chave para a sustentação desse rating de crédito¿.

COMMODITIES

A diretora da Standard & Poor's afirmou que os preços internacionais das commodities devem registrar apenas um leve recuo. ¿Nós não esperamos que os preços das commodities caiam fortemente¿, declarou, enfatizando que, mesmo que diminuam, o crescimento do País não deve ser muito impactado.

Se o leve recuo dos preços das commodities previsto pela S&P se concretizar, ainda assim o País deve continuar a receber investimentos estrangeiros diretos, o que minora o impacto da queda dos preços. ¿Sem dúvida, a queda dos preços das commodities terá um impacto sobre o desempenho da balança comercial e da conta corrente do Brasil¿, afirmou. ¿Mas por causa do amadurecimento de vários setores da economia, o Brasil continua atraindo investimentos.¿ Na sua visão, o fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) deve bater, este ano, o recorde de 2007. Esses investimentos, diz, representam um ¿contrapeso ao déficit em conta corrente¿ e ajudam a financiar a dívida externa.

Ao contrário das estimativas oficiais, para a S&P, o Brasil não é credor líquido. Ainda assim, avalia Lisa, a dívida externa caiu bastante, chamando atenção também para as reservas internacionais. ¿A combinação desses fatores permitiu ao Tesouro melhorar muito a composição do perfil da dívida brasileira¿, elogiou. ¿A vulnerabilidade do perfil de dívida do Brasil diminuiu.¿

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