Título: Base e oposição brigam por sub-relatorias na CPI mista
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2008, Nacional, p. A4

Parlamentares da base aliada e de oposição estão em pé de guerra na CPI dos Cartões mista. Os governistas não concordam com a distribuição de sub-relatorias feita pela presidente da comissão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), e marcaram para hoje à tarde reunião extraordinária da CPI. Querem ficar com as relatorias consideradas mais importantes (Sistematização e Fiscalização de Gastos), que acabaram nas mãos da oposição.

¿Quando o diálogo não for mais possível, vamos fazer valer a maioria que temos na CPI¿, ameaçou ontem o relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), depois de se reunir com os parlamentares da base aliada para articular uma reação à decisão de Marisa. Para fazer a reunião extraordinária de hoje os aliados recolheram assinaturas de integrantes da comissão. Ou seja, vão fazer uma reunião à revelia de Marisa. ¿Se não for constatado nenhum processo de entendimento, evidentemente vou ignorar os relatórios setoriais e fazer meu relatório sozinho¿, afirmou o petista.

O deputado Carlos Willian (PTC-MG) já tem pronto requerimento que prevê o fim das sub-relatorias, que foram criadas na semana passada e não começaram a funcionar.

Parlamentares da base e de oposição começaram ontem a vasculhar os documentos sigilosos que estão no Tribunal de Contas da União (TCU). A oposição dedica-se a tentar encontrar gastos indevidos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seus parentes com cartões corporativos. Já a base aliada pediu ontem para o TCU dar acesso a documentos sigilosos da época do governo Fernando Henrique Cardoso com gastos por contas tipo B (o servidor recebe recursos e comprova as despesas por notas fiscais). Segundo governistas, não há praticamente nenhum gasto do governo FHC com cartões corporativos.

¿O presidente Lula gasta muito pouco. O vinho dele, por exemplo, é muito barato¿, disse Willian, que olhou rapidamente a papelada. Ao todo são 11 processos, que trazem gastos sigilosos de 2002 até 2006.