Título: IGP-DI acelera para 0,70% em março
Autor: Saraiva, Alessandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2008, Economia, p. B5

Tomate dispara 53% no atacado e 23% no varejo e puxa alta do indicador, que havia subido 0,38% em fevereiro

Alessandra Saraiva

Com os preços do atacado, do varejo e da construção civil em aceleração, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) quase dobrou em março, com alta de 0,70%, ante aumento de 0,38% em fevereiro. Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que anunciou ontem o índice, o destaque absoluto foi o comportamento do tomate, cujo preço subiu fortemente tanto no atacado (53,22%) quanto no varejo (23,53%).

¿O tomate foi o produto que, individualmente, mais contribuiu para a aceleração da taxa do IGP-DI¿, afirmou o coordenador de Análises Econômicas da Fundação, Salomão Quadros.

Embora não seja mais usada para reajustar a tarifa de telefone, a taxa do IGP-DI ainda é usada como indexadora das dívidas de Estados com a União. Até março, o IGP-DI acumula altas de 2,08% no ano e de 9,18% em 12 meses - essa última, a mais elevada em três anos.

Ao ser questionado sobre se o Banco Central (BC) deveria ou não elevar os juros para conter um possível avanço da inflação, pressionada por demanda aquecida, Quadros foi cauteloso. ¿Acho que a inflação não se desgovernou, apenas está se acomodando¿, disse, comentando que, embora a demanda esteja aquecida, há sinais de expansão de investimentos na indústria que podem ajudar a conter essa demanda.

Entre os três segmentos pesquisados para cálculo do IGP-DI, as acelerações no setor atacadista (de 0,52% para 0,80%) e varejista (de variação zero para 0,45%), de fevereiro para março, foram as que mais contribuíram para a formação do resultado. O avanço da inflação nesses dois segmentos ocorreu, principalmente, por causa do término das deflações nos preços dos produtos agrícolas no atacado (de -0,19% para 0,46%) e dos alimentos no varejo (de -0,38% para 0,62%).

O setor de construção civil também apresentou aceleração de preços (de 0,40% para 0,66%). Essa movimentação de alta de preços é causada por dois fatores: o aumento de custos de material no setor; e a demanda aquecida no setor da construção. Quadros comentou que a taxa de 0,66% é a mais elevada em nove meses e indica ¿pressão inflacionária¿ na indústria da construção. ¿Mas não acho que isso (alta de preços na construção) vai contribuir para acelerar as próximas apurações do IGP-DI. O setor tem peso muito pequeno (no cálculo total do índice)¿, afirmou.

PÃO FRANCÊS

O pão francês no varejo subiu 2,26% em março, bem acima da alta apurada em fevereiro (0,71%). Foi a mais intensa elevação de preços desde dezembro de 2002, quando o preço do produto subiu 2,69%. De acordo com o economista, em 12 meses até março, o preço do pãozinho já acumula alta de 10,45%.

¿É muita coisa o pão francês subir 2,26% em um mês¿, disse, comentando que os varejistas provavelmente estão repassando uma alta de custos. Quadros comentou que isso reflete a movimentação constante de alta no preço do trigo no atacado - que tem registrado trajetória ascendente de elevação de preços há meses.

Segundo ele, somente em março, o trigo no atacado subiu 13,38%, bem acima de fevereiro (3,55%). Nos primeiros três meses do ano, o trigo já acumula aumento de 23,46%. Em 12 meses até março, a taxa acumulada de inflação do produto é de 45,69%.

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