Título: Histórias em abrigo são de espera por uma família
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2008, Vida, p. A15

Entre as 60 crianças e jovens que estão no Abrigo Nosso Lar, em Brasília, dez poderiam ser adotadas, mas aguardam a chegada dos pretendentes para iniciarem o processo de aproximação até a mudança definitiva para a casa dos pais adotivos.

No berço de uma das quatro casas, espalhadas por um amplo terreno com jardins bem cuidados e parque com brinquedos, está a caçula, Clara, de apenas 2 meses, que foi direto do hospital onde nasceu para o abrigo, há um mês e meio. A mãe não quis levá-la para casa e alegou não ter condições de criar a filha. ¿Muitas vezes, por falta de informação, as mães levam os filhos do hospital e depois deixam na rua. Elas acham que, se deixarem no hospital, serão punidas, o que não é verdade¿, diz Patrícia Braga, que trabalha no abrigo há 19 anos. Segundo a diretora de Assistência à Criança, Marisa Mendes de Moraes, no ano passado, 12 crianças do abrigo foram adotadas e 26 voltaram para suas famílias.

Wanderson, de 10 anos, é uma das crianças que moram no abrigo. Está lá há cinco. Ele chegou a ter contato com um casal de pretendentes, mas a adoção não avançou. Uma decepção que não tirou o sonho de ter uma família e de ser bombeiro. Na casa ao lado, Loiane, de 11 anos, que vive no abrigo desde os 5, com mais três irmãos, quer ser médica, mas diz que prefere ficar onde está, em vez de se mudar para uma casa nova. Suas duas irmãs mais novas foram adotadas e visitam os mais velhos no abrigo. Os pais adotivos gostariam de reunir os seis irmãos, mas não têm dinheiro.

No Abrigo Nosso Lar, o final feliz do momento é protagonizado por Gabriel, de 3 anos, que vive há dois no local. Nos próximos dias ele embarca para o Piauí, onde vai viver com o avô paterno, que obteve a guarda do neto. No País, a única pesquisa sobre crianças que vivem em abrigos foi publicada em 2004.

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