Título: Operação contra pedofilia prende 2
Autor: Goraieb, Valéria; Siqueira, Chico
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2009, Metrópole, p. C1

Valéria Goraieb Chico Siqueira

Especiais para o Estado

Dois meses depois do início das denúncias de existência de uma rede de pedofilia em Catanduva, no interior paulista, o Mistério Público e a polícia deflagram ontem a Operação Fênix e prenderam dois suspeitos. Mesmo assim, o médico Wagner Rodrigo Brida Gonçalves e o empresário José Emmanoel Vilpon Diogo, apontados como a ¿banda rica¿ dessa organização criminosa conseguiram fugir do cerco armado por 20 promotores de Catanduva, Guarulhos, Bauru,Franca, Ribeirão Preto, Campinas e São Paulo, 40 policiais militares e 20 policiais civis que participaram da operação do Grupo de Atuação Especial Regional de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Rio Preto, feita a pedido da CPI da Pedofilia.

Foram detidos Eduardo Augusto Aquino e André Luiz Cano Centurion, respectivamente, em Catanduva e São Paulo. Os outros suspeitos cujos mandados de prisão não foram cumpridos continuam sendo procurados pelo Ministério Público e São considerados foragidos. Há a suspeita de que possam até já ter saído do País. Os agentes não descartam a possibilidade de que eles tenham sido avisados da operação policial.

Na casa do médico, os agentes foram obrigados a pular o muro para entrar. Dois de duas horas, saíram da casa com computador, fitas VHS, fotos e documentos que, segundo os promotores, poderão comprovar a participação do endocrinologista na rede. No apartamento e na casa da mãe do empresário, os promotores aprenderam papéis e computadores. Na casa, foi preciso chamar um chaveiro para abrir a porta porque não havia ninguém na residência.

As prisões, segundo o promotor João Santa Terra Junior, do Gaeco de Rio Preto, foram motivadas por ¿fatos novos¿ surgidos a partir de investigações do Ministério Público. O Gaeco criou uma força ¿ tarefa para auxiliar nas investigações sobre os casos de pedofilia em Catanduva há sete dias, atendendo pedido dos promotores André Luiz e Noemi Correa, de Catanduva.

Prisões e contestações

Sem conseguir prender os dois suspeitos mais ricos, a operação deteve o operário Aquino, de 19 anos, e o comerciante Centurion, de 27. O primeiro foi preso numa usina de álcool, quando entrava para trabalhar O segundo foi preso em São Paulo. Aquino foi acusado pela s crianças de leva-las para orgias numa mansão que seria a casa do médico. Já a prisão do comerciante foi a mais contestada.

Centurion é acusado de ser amigo de William Souza, sobrinho do borracheiro José Barra de Mello. Souza está preso por ter, juntamente como tio, participação de atentado violento contra as crianças. Centurion aparece numa foto com Souza e também foi reconhecido por uma das crianças. Seus amigos e familiares, no entanto, alegam que o preso está há mais de dois anos fora de Catanduva.