Título: Aliados nos EUA atacam 'criminalização' do MST
Autor: Scarance, Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2008, Nacional, p. A18

Acionado pela Via Campesina, o `Friends of MST¿ ou `Amigos do MST¿ faz alerta internacional contra impunidade e pela saída da Syngenta do Brasil

Estimulada pela Via Campesina, a Friends of the MST (FMST) - ¿Amigos do MST¿ em inglês, organização que arregimenta apoio e doações internacionais ao Movimento dos Sem-Terra, sobretudo nos Estados Unidos - lançou campanha internacional contra a ¿criminalização dos ativistas¿. Cobra, ainda, punição pela morte do militante Valmir Motta de Oliveira, o Keno, e ataca as ações da multinacional do agronegócio Syngenta no Brasil.

Em 21 de outubro, Keno e um segurança contratado pela Syngenta morreram baleados e oito sem-terra ficaram feridos, em confronto na fazenda experimental Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste (PR), a 530 quilômetros de Curitiba. Quatro seguranças e dois sem-terra respondem a processo, em liberdade, pelas mortes.

Em apelo veiculado no site em inglês do MST (www.mstbrazil.org), o coordenador do FMST nos Estados Unidos, Patrick Quirk, alerta para a ¿extrema violência¿ usada pela NF Segurança, que vigiava a fazenda. Ele pede que aliados do ¿Brazil¿s Landless Workers Movement¿ enviem cartas à Syngenta e à Embaixada da Suíça - onde fica a sede da transnacional.

¿É essencial continuar a pressionar a Syngenta a dispensar as milícias armadas que financia¿, diz Quirk. ¿Sua atitude é crucial para pôr fim à injustiça e à impunidade no campo no Brasil. Aja agora!¿ Para o o líder paranaense do MST Roberto Baggio, a morte de Keno foi a ¿a ação mais violenta e bárbara dos últimos anos¿, ¿um massacre¿. Ele diz que MST, Via Campesina e outros movimentos se uniram para pressionar a Syngenta a ¿abandonar¿ o Brasil.

Patrocinadora de uma cruzada contra o agronegócio, A Via Campesina acionou militantes de movimentos sociais e direitos humanos mundo afora - Coréia, Timor Leste, Congo, Espanha, Canadá e Croácia, por exemplo - para enviar cartas à Syngenta e ao governo suíço.

INVESTIGAÇÃO

O inquérito policial só culpou seguranças pelas mortes, mas o Ministério Público acusou dois sem-terra. ¿Somos vítimas da violência e o Ministério Público quer nos transformar em réus¿, reagiu Baggio. Para ele, houve um ¿ataque premeditado, com objetivo de matar¿. O líder vê uma tentativa de ¿criminalizar a luta dos camponeses¿ e acusa a Syngenta de atuar ilegalmente e promover a violência.

Por nota, a Syngenta afirmou que o contrato com a NF ¿trazia cláusula expressa de vigilância não armada¿. ¿A Syngenta condena qualquer tipo de violência e lamenta profundamente os trágicos eventos¿, destaca. A empresa informa, por fim, que ¿sempre contou com todas as licenças¿ e ¿sempre respeitou a lei e as instituições brasileiras¿. Procurados, os promotores do caso estavam fora de Cascavel, por licença médica e férias.

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