Título: FHC pede 'fim da roubalheira' como mote de campanha
Autor: Marchi, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/02/2008, Nacional, p. A6

Em evento com vereadores tucanos, ex-presidente faz defesa enfática da adoção do voto distrital no País

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recomendou ontem a centenas de vereadores do PSDB, reunidos em São Paulo, que defendam cinco temas na campanha municipal deste ano: reforma política (com adoção do voto distrital), educação, saúde, segurança e ¿acabar com a roubalheira¿. FHC propôs que o seu partido encabece uma campanha nacional pelo que chamou de ¿uma nova democracia¿ e pelo ¿voto decente¿, que seria a base para outra campanha em favor da adoção do voto distrital no Brasil.

Como sempre acontece nos grandes eventos do PSDB, Fernando Henrique foi a grande estrela, ainda mais potencializada pelas ausências inesperadas do governador de São Paulo, José Serra, e do ex-governador Geraldo Alckmin. Durante os discursos, os vereadores quase não prestavam atenção, clicando sem parar suas câmeras fotográficas para retratar o ex-presidente.

O ex-presidente pregou insistentemente a adoção do voto distrital como ponto fundamental da reforma política e opinou que a mudança do sistema de votação será mais fácil se começar pelo município. Segundo ele, se o voto distrital for introduzido primeiro no município, as suas vantagens ficarão mais perceptíveis para os eleitores.

Ele explicou que, com apenas um candidato de cada partido em cada distrito, os nomes de uma mesma sigla não se enfrentam numa eleição, como acontece no sistema proporcional. ¿Isso aumentará a unidade dentro dos partidos e recuperará a credibilidade deles¿, opinou. O ex-presidente criticou o atual sistema político, lembrando que muitos ¿foram expulsos do Congresso e hoje ficam se pavoneando e escrevendo artigos, como se nada tivesse acontecido¿.

Para Fernando Henrique, a adoção do voto distrital é o preâmbulo para a instituição do sistema parlamentarista no Brasil. Ele reafirmou que o PSDB é um partido programaticamente parlamentarista e vai continuar assim: ¿Nós perdemos o plebiscito pelo parlamentarismo, mas não mudamos de idéia. Conheço outros que mudaram de idéia depois que ganharam a eleição¿, espicaçou.

MUDANÇA

O ex-presidente disse que não promoveu a reforma política tão logo assumiu a Presidência, em 1995, porque achava, à época, que isso seria uma tarefa do Congresso. Só depois se deu conta de que parlamentares eleitos por um sistema não votariam a sua troca por um outro modelo, que tornaria a sua eleição incerta. ¿Mudar não é fácil¿, disse, parodiando Maquiavel, um de seus pensadores favoritos: ¿Quem sabe o que é o novo sistema, não quer; quem será beneficiado por ele, não sabe.¿

FHC considerou que o voto distrital aproxima o eleitor do candidato: ¿É a verdadeira referência para estabelecer uma força política e moral que permita ao eleitor cobrar de seu candidato.¿ Segundo ele, no sistema atual, o eleitor esquece o candidato em quem votou e o parlamentar esquece as razões pelas quais foi votado.

O ex-presidente recomendou que os candidatos a vereador estudem os temas que vão defender na campanha: ¿Temos de estar preparados para o debate político, temos de ter dados, saber o que vamos defender¿, ensinou. E aconselhou com uma frase de efeito: ¿Política é pé no chão e o olhar no horizonte.¿ Ao pregar atenção ao tema da segurança, FHC disse que hoje todos têm medo: ¿Isso não é vida¿, arrematou.

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