Título: Conde assume Furnas e terá R$ 12,7 bi do Luz para Todos
Autor: Barbosa, Alaor
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/08/2007, Nacional, p. A8

Maior atrativo da estatal que será comandada pelo peemedebista é a verba para o programa federal

O ex-vice governador do Rio, Luiz Paulo Conde (PMDB), assume hoje a presidência da estatal Furnas Centrais Elétricas num momento em que a empresa ampliará substancialmente seus investimentos nos próximos anos.Só na construção de seis novas hidrelétricas serão alocados R$ 2,94 bilhões.

Além disso, Furnas é a mais cotada para assumir fatia no megaempreendimento do Rio Madeira (RO), que será licitado em outubro e prevê investimentos de até R$ 30 bilhões em seis anos - considerando as duas usinas (Santo Antônio e Jirau) e uma linha de transmissão de 2.700 quilômetros até o interior de São Paulo.

O maior atrativo de Furnas, porém, na avaliação de especialistas do setor, é o Programa Luz Para Todos, criado pelo governo federal em 2003 e que prevê energia elétrica a 10 milhões de brasileiros. Ao todo, estão previstos investimentos de R$ 12,7 bilhões, dos quais R$ 7,9 bilhões já foram assinados. Mantido o cronograma, ainda faltam contratos de R$ 4,8 bilhões e outros R$ 8,9 bilhões a serem desembolsados até o fim de 2008, quando se prevê a conclusão do programa.

Antes mesmo de assumir, Conde já enfrentou protesto ontem, organizado pelo PSOL contra sua escolha para a presidência da estatal.

LUZ PARA TODOS

Coordenado pela Eletrobrás, o Luz Para Todos é operacionalizado pelas empresas regionais do grupo: Furnas (Sudeste), Chesf (Nordeste), Eletronorte (Norte) e Eletrosul (Sul). Como os recursos do Luz Para Todos não são do Orçamento da União, há menor controle sobre desembolsos. Além disso, não há rigidez na liberação de recursos. ¿As regras são bastante flexíveis e o agente pode antecipar verbas para prefeituras de correligionários sem ferir nenhum dispositivo legal¿, explicou um técnico.

Os recursos são supridos por todos os consumidores de energia. Na conta de luz está incluída verba para a Conta de Desenvolvimento Energético e para a Reserva Global de Reversão e os dois fundos contribuem com 71,5% dos recursos. Outros 13,7% são supridos pelos Estados e 14,7% pelas distribuidoras de energia, que repassam os custos para as tarifas dos consumidores.

Segundo Minas e Energia, até meados deste mês o governo já assinou contratos beneficiando 1,267 milhão de famílias (6,337 milhões de pessoas) no valor de R$ 7,9 bilhões. O ritmo de contratação, porém, está abaixo do observado em 2006. Em 2004, foram contratos para 70 mil famílias; em 2005, 378 mil; e em 2006, 590 mil, quando atingiu média mensal de 50 mil famílias. A média deste ano está em 30 mil famílias por mês.