Título: Aliados ainda tentam desqualificar vaia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/07/2007, Nacional, p. A8

Bernardo diz que manifestação contra Lula foi injusta; líder do PT e Ciro Gomes vêem orquestração da oposição

Quatro dias depois, os governistas ainda reagem às vaias recebidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Maracanã, no Rio. Ontem, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que considerou injusta a recepção negativa na abertura dos Jogos Pan-Americanos. Ele observou, porém, que as vaias são manifestações populares e, portanto, democraticamente legítimas. O ministro disse não acreditar que o prefeito do Rio, César Maia (DEM), tenha organizado o ato. ¿Ele não seria capaz de uma barbaridade dessas¿, declarou.

Repetindo o que já virou bordão de muitos que saíram em defesa do presidente neste episódio, Bernardo lembrou Nelson Rodrigues: segundo o dramaturgo, no Maracanã até minuto de silêncio é vaiado. De acordo com o ministro, não há ninguém no governo preocupado com essa questão.

O líder do PT na Câmara, Luiz Sérgio (RJ), reforçou o coro dos governistas que acreditam que as vaias foram orquestradas pela oposição. Ele lembrou que o mesmo grupo que iniciou as vaias também aplaudiu o prefeito do Rio.

¿Se o princípio era vaiar os políticos, a vaia teria sido para todos, generalizada. Quando se está numa multidão, as lideranças bem organizadas podem influenciar no que vai acontecer. Se onde a vaia se iniciou houve aplausos para outro, teve um bom treinamento¿, disse o líder petista na Câmara.

ERRO

Ex-ministro da Integração Nacional, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) acredita que Lula deveria ter encarado as vaias e feito o discurso na cerimônia de abertura do Pan. ¿Acho que foi um erro ele não ter discursado¿, comentou Ciro, que estava presente à solenidade. ¿Se ele falasse, virava (a platéia) na hora.¿ Para o deputado, não há dúvidas de que o coro foi puxado por um grupo que animava a platéia. ¿Eu vi isso claramente: o mesmo grupo que pediu vaias para Lula puxou os aplausos para César Maia¿, afirmou. ¿É claro que depois a manifestação se generalizou, mas não foi uma coisa rancorosa. Estava um clima mágico¿, relatou.

Cotado para ser candidato à sucessão de Lula em 2010, Ciro insistiu que o presidente ¿não merecia¿ ter passado por aquela situação. ¿Foi muito injusto, até porque o presidente tem mais de 60% de aprovação no Rio¿, disse.

Já o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, minimizou o ocorrido na abertura do Pan. ¿Vaia, lá em Minas Gerais, a gente trata assim: recebe-as com serenidade e humildade para não se inebriar com os aplausos quando ocasionalmente eles vierem¿, afirmou o ministro.