Título: O 'quebra-mola' dos tucanos
Autor: Madueño, Denise e Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/2007, Nacional, p. A4

Foi um dia à la Jack Bauer, protagonista da série de televisão 24 Horas. Mas, ao contrário de Bauer, que sempre se sai bem no papel de mocinho defensor das vítimas dos terroristas, o dia e a noite de terça e a madrugada de quarta do relator da reforma política, deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), terminaram com uma grande frustração, depois de tanto trabalho: nada foi votado. Mais frustrado ainda ficou Caiado ao saber que os tucanos deram a contribuição decisiva para o enterro da votação prevista para ontem. ¿Vínhamos a 100 por hora e batemos no quebra-mola do PSDB¿, desabafou o relator, ontem à noite.

Quando os tucanos decidiram fechar questão contra a lista fechada, depois da divisão nas bancadas do PT e PMDB, ficou claro que não haveria nem maioria segura nem clima para iniciar a votação da reforma. ¿Foi uma puxada de tapete¿, comentou Caiado, referindo-se à posição adotada pelo PSDB.

O relator e uma equipe de três consultores da assessoria jurídica da Câmara viraram a madrugada de quarta-feira dando pareceres nas emendas apresentadas ao projeto. A equipe fez uma pausa rápida às 7h15 de ontem, mas retomou o trabalho em seguida, na tentativa de analisar as quase 300 emendas que haviam sido encaminhadas pelos deputados até as 18 horas do dia anterior.

¿Fui em casa, tomei um banho e voltei, porque o líder me chamou¿, afirmou Caiado, às 9h40, já na sala da liderança do DEM, referindo-se a Onyx Lorenzoni (RS). Retornou para continuar a análise das emendas e dizer se seriam ou não acatadas. A equipe trabalhou por 28 horas, pelo menos. Muitas propostas buscavam a flexibilização da lista fechada de candidatos, mas o relator as rejeitou.

¿Não enxergo como flexibilizar a lista e ter financiamento público de campanha. São coisas antagônicas¿, justificou Caiado.