Título: 20% do orçamento de custeio da USP é gasto em assistência aos alunos
Autor: Iwasso, Simone
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2007, Vida&, p. A24

Um quinto do orçamento de custeio da Universidade de São Paulo (USP) é destinado à assistência estudantil, o que inclui moradias, subsídios à alimentação, consultas médicas, transporte e diversos tipos de bolsa de auxílio. Em valores, são gastos anualmente R$ 54,8 milhões para permanência e formação de estudantes de baixa renda nos campi da capital e do interior, segundo dados obtidos com exclusividade pelo Estado. Somando também repasses vindos de parceiros de projetos, como fundações de apoio, chega-se a 24% do total de recursos usados na área.

Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a assistência estudantil aos alunos de graduação representa 13,9% do orçamento de custeio anual, um total de R$ 19,3 milhões. Os porcentuais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) são semelhantes, somando R$ 8,9 milhões em 2006 - valores que, de acordo com a instituição, têm se mantido estáveis nos últimos anos. As duas também oferecem, nessa conta, moradia estudantil, subsídio para alimentação, atendimento médico/odontológico em suas unidades e uma série de bolsas.

O aumento da assistência estudantil está na pauta de reivindicações do grupo que desde o dia 3 mantém a reitoria da USP ocupada. Eles pedem a abertura dos bandejões e a circulação de ônibus nos fins de semana, além da construção de mais 600 vagas no Crusp, o edifício para moradia na Cidade Universitária. E pedem mais vagas nas unidades do interior: Bauru, Pirassununga, Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto.

A USP tem dois tipos de benefícios aos alunos: os universais, ou seja, para todos os cerca de 80 mil estudantes, e os que são concedidos somente após uma seleção, que tem como critério com mais peso a condição socioeconômica.

O orçamento de custeio das universidades inclui os gastos para manter a rotina da instituição, como pagamento de contas de água, luz, segurança, limpeza, manutenção de equipamentos, mão-de-obra terceirizada e compra de materiais, entre outros. Ficam de fora, basicamente, folha de pagamento dos ativos e inativos, além de eventuais dívidas.

¿Em dez anos, houve uma mudança de lógica na assistência. Melhorou e aumentou, há um esforço para atrair e incluir o aluno da escola pública¿, afirma Rosa Godoy, professora titular da Escola de Enfermagem e coordenadora da Assistência Social.

¿Sabemos que ainda existe demanda não atendida e que precisamos ampliar mais. Desde o ano passado há essa disposição. Faltam mesmo vagas, porque infelizmente não conseguimos atender todos os inscritos¿, diz.

O principal benefício universal é o subsídio à alimentação, que consome R$ 10 milhões por ano. O custo de cada refeição nos restaurantes universitários, os bandejões, é de R$ 9,50: a instituição paga R$ 8,00 e o aluno R$ 1,50.

Nessa modalidade, entram também a atenção à saúde, que inclui atendimento no Hospital Universitário, os ônibus no campus e atividades nos centros de práticas esportivas.

Por critério socioeconômico, há as moradias e os diversos tipos de bolsas. São 1.800 vagas nos apartamentos estudantis e 630 bolsas de moradia - R$ 200 mensais para ajudar o estudante a pagar o aluguel em algum local próximo da universidade.

As vagas de moradia não aumentaram, mas em dez anos mais do que triplicou o de bolsas para esse fim - solução encontrada pela instituição para auxiliar os estudantes que não conseguem um lugar nos prédios.

BOLSAS

Quanto às bolsas para permanência, há modalidades diversas, que geralmente têm um valor próximo ao do salário mínimo. No total, representam cerca de R$ 15 milhões por ano.

Para cada uma dessas é feita uma seleção, geralmente no primeiro semestre. A universidade lança um edital e os interessados se inscrevem. Cada uma tem suas especificidades, mas em geral é necessário estar regularmente matriculado e comprovar renda familiar condizente como o mínimo estipulado.

Não fazem parte desse cálculo as bolsas por mérito acadêmico, pagas, por exemplo pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

¿Temos ainda bolsas emergenciais, dadas o ano todo a alunos que têm problemas inesperados, como doenças familiares, ou que por outro motivo precisam de ajuda. Fazemos um esforço para ajudá-lo a permanecer na universidade. Investimos nesses alunos e não interessa a ninguém que eles saiam sem terminar seu curso¿, explica Rose.