Título: Cho não falava muito, afirmam parentes na Coréia do Sul
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2007, Internacional, p. A12

Enquanto a família de Cho Seung-hui permanece reclusa na cidade de Centreville, no norte do Estado de Virgínia, seus parentes sul-coreanos deram ontem declarações que ajudam a montar o perfil do jovem que matou 32 pessoas na universidade Virginia Tech, na segunda-feira.

Em entrevista ao jornal sul-coreano Dong-a Ilbo, o avô materno, que pediu para ser chamado apenas pelo sobrenome Kim, de 81 anos, disse que Cho falava tão pouco que seus pais acharam que ele fosse mudo. 'Ele sempre preocupou os pais porque falava muito pouco', declarou.

Um tio de Cho - irmão mais novo de sua mãe - também disse que o garoto era um enigma. 'Ele não falava muito quando criança, mas não mostrava nenhum sinal de que tinha problemas', afirmou o tio, que também pediu para ser chamado pelo sobrenome Kim. 'Minha irmã disse que havia emigrado para poder dar uma boa educação para os filhos. Eu não sei o que dizer às famílias das vítimas, a não ser minhas sinceras desculpas', disse o tio.

Os pais de Cho tinham uma lojinha de livros usados em Seul. Com pouco dinheiro no bolso, eles deixaram a Coréia do Sul em 1992, em busca de uma vida melhor nos Estados Unidos. Desde então, o casal nunca mais voltou à Coréia do Sul. Contatos, só por meio de raríssimos telefonemas nos feriados. Por isso, nem o avô nem o tio reconheceram Cho pelas fotos divulgadas pela imprensa.

'Eu não tenho nem o telefone de minha irmã', afirmou o tio. 'Nas raras vezes em que falei com ela, nunca ouvi nenhuma queixa a respeito dos filhos. Dizia apenas que eles estavam indo bem nos estudos. Ela não parecia estar preocupada com eles.'

Já o tio paterno, que também emigrou para os Estados Unidos e vive perto de Washington, não quis muita conversa. Cho Sung-ryol recebeu a visita do presidente da Associação Coreano-Americana da Virgínia, Baik In-suk, que foi convidado a se retirar de sua casa. Baik contou aos jornalistas que Cho Sung-ryol não demonstrou muita vontade de tocar no assunto. 'Eu perguntava as coisas, mas ele não respondia nada', afirmou Baik.