Título: ACM vai ao Planalto e dá até conselhos ao presidente
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2007, Nacional, p. A8

Crítico contumaz do governo, o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) teve ontem conversa de uma hora e meia com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Planalto. Mais: boa parte desse tempo foi gasta fazendo avaliações da conjuntura e dando conselhos. Segundo relato de ACM, um deles foi para que Lula, que nada deve aos partidos de sua base, não se submeta a exigências.

¿Na minha opinião, ele não precisa se submeter a ninguém, porque a força inegável da eleição não foi de nenhum partido, foi dele¿, contou o senador, ao revelar parte da conversa. ACM disse que todos os temas tratados no encontro foram iniciados pelo presidente. Segundo o senador, Lula afirmou que pretende conversar com todos os partidos, aliados ou não, sobre matérias que o Congresso precisa aprovar com urgência.

Para uso público, o encontro entre ACM e o presidente se destinava a ser uma retribuição pela visita que Lula fez ao senador, quando o baiano se encontrava internado no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São Paulo. O senador ficou mais de uma semana internado, vítima de uma pneumonia que chegou a levá-lo para a UTI. Antes de receber alta, no início do mês passado, foi visitado por Lula, que fazia exames de rotina no hospital. Ontem, ACM contou ter recebido, na última sexta-feira, na Bahia, um telefonema do Planalto informando que o presidente o aguardava para tomar café.

RUSGAS DO PASSADO

Pelo menos momentaneamente, os dois deixaram para trás as rusgas do passado. Na eleição presidencial de 1998, Lula disse que ACM é pessoa sem seriedade, ao comentar a afirmação do baiano de que, eleito, Lula representaria o ¿caos¿. De seu lado, ACM já qualificou Lula de ¿homem mais corrupto que já chegou à Presidência¿, ao pedir a intervenção das Forças Armadas, após a invasão da Câmara por um grupo de sem-terra, no ano passado.

Ontem, tudo isso pouco pesou, a julgar pela forma como ACM descreveu o clima do encontro: ¿Parecia que eu só fazia elogios a ele, e ele a mim.¿ Apesar do tom, o senador diz ter deixado claro que vai protestar toda vez que discordar do governo ou do próprio Lula.