Título: 'Seremos competitivos mesmo com barreira dos
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/03/2007, Economia, p. B6

Para manter-se na dianteira dos biocombustíveis, principalmente no mercado de etanol como alternativa energética, o Brasil precisa estruturar uma rede de pesquisas, alertou ontem a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ela afirmou também que a manutenção da sobretaxa no mercado americano não ameaça a liderança do produto brasileiro.

'Seremos competitivos mesmo com a barreira tarifária', disse, Dilma, em evento com empresários mineiros, na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiemg). A ministra lembrou que os países desenvolvidos já perceberam a importância do biocombustível e as maiores empresas petrolíferas do mundo pesquisam o combustível de segunda geração ou combustíveis de lignocelulose.

'Acredita-se que lá por 2020 vai se fazer etanol de bagaço de cana, de palha de cana, de palha de milho, de dejetos. E essa aposta na lignocelulose é a grande fronteira dos países desenvolvidos da União Européia e dos Estados Unidos no que se refere a tentar diminuir a dependência física de petróleo', destacou Dilma.

Ela admitiu que o Brasil ainda precisa estabelecer uma estratégia futura mais agressiva em relação ao álcool. 'Nenhum país atualmente tem capacidade de competição com a produção de álcool e de cana do Brasil. Mas estão construindo as condições para que haja', observou. 'Temos de estruturar uma rede de pesquisas para a gente manter o protagonismo no segundo tempo.'

Conforme a ministra, pesquisas ainda embrionárias são desenvolvidas pela Embrapa, Petrobrás, por universidades federais e pelo menos outros dois centros ligados à iniciativa privada. Dilma defende a unificação dos estudos. 'Temos de estruturar uma cadeia', destacou a ministra, para quem o governo e o setor devem insistir na produção do etanol a partir da cana-de-açúcar.

'É essa a estratégia: ao conquistar a segunda geração, que é a da celulose, a produção de álcool de origem no açúcar vai ficar mais eficiente', destacou. 'Com a eficiência que já temos, conjugada com o uso da palha e do bagaço, dificilmente perderemos a liderança'.