Título: Bush terá de justificar plano, diz Nancy
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/01/2007, Internacional, p. A10

A nova presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, prometeu ontem um grande escrutínio do esperado plano do presidente George W. Bush de enviar mais soldados americanos para o Iraque. Nancy declarou que o Partido Democrata - que passou a controlar o Congresso pela primeira vez em 12 anos - não dará um a Bush um ¿cheque em branco¿ para sua nova estratégia no Iraque, que os líderes democratas criticaram como uma ¿perigosa escalada¿ do conflito.

¿Se o presidente quer aumentar essa missão, ele terá de justificar isso. E esse fato é novo, pois até agora o Congresso republicano lhe havia dado um cheque em branco sem supervisão, sem padrões, sem condições¿, disse Nancy durante o programa Face the Nation, na rede de TV CBS. Ela falou especificamente sobre um possível pedido de fundos adicionais para as tropas americanas.

O número 2 na chefia da Câmara, o democrata Steny Hoyer, também disse ontem - à TV Fox News - que os deputados deveriam prestar atenção ao suposto plano da Casa Branca de ajuda econômica para o Iraque no valor de US$ 1 bilhão.

A nova estratégia para o Iraque que Bush deve anunciar esta semana, possivelmente em um discurso na quarta-feira, deve pedir o envio de mais soldados americanos - o número total pode chegar a 20 mil homens - a Bagdá, suplementado por um programa de estímulo ao emprego com custo de US$ 1 bilhão. O programa teria como objetivo empregar iraquianos em projetos que incluiriam pintura de escolas e limpeza de ruas, revelaram ontem funcionários americanos. Três brigadas de combate seriam enviadas em meados do próximo mês a Bagdá - consumida por uma onda de violência entre sunitas e xiitas - e mais duas ficariam em estado de alerta nos EUA, que já têm 140 mil homens no Iraque.

Os anteriores esforços dos EUA de reconstrução do Iraque fracassaram e a nova liderança democrata no Congresso, assim como alguns republicanos, têm questionado se o aumento de tropas não vai apenas adiar o inevitável momento em que as forças iraquianas terão de assumir a segurança do país.

Um fator de grande pressão sobre a Casa Branca é o elevado número de soldados americanos mortos desde o início da invasão, em março de 2003, que ontem chegou a 3.009 com a morte de 3 soldados na explosão de uma bomba em Bagdá. Pelo menos 14 pessoas morreram ontem no Iraque, apesar dos esforços dos soldados iraquianos para combater as milícias e conter a violência sectária em Bagdá. A polícia também encontrou 17 corpos na capital e mais 4 em Suwayra, aparentemente vítimas dos esquadrões da morte.