Título: Aldo acusa oposição de 'brincar com a democracia'
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2006, Nacional, p. A5

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusou ontem a oposição de 'brincar com a democracia' e com a vontade do povo e tentar vencer a eleição presidencial 'no tapetão', referindo-se às muitas ações dos aliados do tucano Geraldo Alckmin contra Lula na Justiça Eleitoral.

'Imagino que há campanha entre os adversários do presidente querendo levar a eleição para o segundo turno, independentemente da vontade do eleitor, porque acha que assim é melhor', disse. 'Mas é melhor para quem, cara pálida? Quem tem que decidir é o eleitor', disse, sem explicar como a vontade do eleitor pode ser desconsiderada. Ele associou as ações dos oposicionistas com golpes e tentativas de golpes no País. 'Como essas forças procederam em 1954, em 1955, quando tentaram, no golpe, impedir a posse do presidente Juscelino Kubitschek, como procederam em 1961, em 1964, porque em todos esses episódios essas forças foram rejeitadas pelo povo, derrotadas nas urnas. Então, essas forças sempre procuram um atalho. E o atalho muitas vezes é um golpe no tapetão, é uma sentença de um tribunal', discursou. 'Aqueles que respeitam a democracia devem ter compromisso e respeitar a vontade do povo brasileiro.'

Aldo se referiu ao pedido do PSDB e do PFL de investigação do suposto envolvimento de Lula na operação de compra do dossiê Vedoin, contra candidatos tucanos. 'O desejo dessas vozes das trevas, do desespero, daqueles que não acreditam na democracia nem na vontade do povo, não encontrará respaldo no Tribunal Superior Eleitoral. O TSE não vai acolher nenhum tipo de chicana, nenhum tipo de conspirata para tirar do povo o direito de eleger o presidente.'

Ele admitiu que o caso do dossiê atrapalha a campanha de Lula. 'Por mais que as pessoas que o conhecem saibam que ele não tem nada a ver com esse tipo de manobra espúria, mesmo que ele condene de forma veemente, mesmo que ele repudie como todo mundo repudiou, é claro que fica algum prejuízo.'

As declarações de Aldo irritaram o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), que acusou Lula. 'Quem deu golpe foi ele e seu partido, o PT, ao usarem meios ilícitos para divulgar um falso dossiê que ajudaria uma candidatura derrotada em São Paulo', afirmou. 'Quem não é democrata é o partido, porque democracia e corrupção não combinam.'

O deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) disse estranhar as declarações, 'que de democráticas não têm nada'. 'Esperava que o Aldo defendesse a apuração sobre a origem do dinheiro usado na compra do dossiê, e não adotasse essa postura de que contra o PT não se pode investigar nada', criticou.