Título: Argentina pede prisão de Rafsanjani
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2006, Internacional, p. A21

O juiz federal argentino Rodolfo Canicoba Corral solicitou ontem que o ex-presidente do Irã Ali Akbar Rafsanjani (1989-1997) seja detido por graves suspeitas de envolvimento no atentado que em 1994 destruiu o edifício da Associação Mutual Israelense-Argentina (Amia), em pleno centro de Buenos Aires. O ataque terrorista causou a morte de 85 pessoas e ferimentos e mutilações em outras 300.

Apesar do tempo transcorrido, os responsáveis pelo atentado jamais foram presos. A Justiça considera o ataque como um 'crime contra a humanidade', e portanto, não prescreve jamais. O governo do Irã, porém, não deve extraditá-lo.

Além de Rafsanjani, o juiz também ordenou a captura de sete ex-funcionários de alto escalão iranianos. O governo de Israel parabenizou a Justiça argentina - a primeira de um país latino-americano a pedir a captura de um ex-presidente de um país do Oriente Médio. Mas os grupos da esquerda radical argentina condenaram a decisão de Canicoba Corral.

Estes grupos, semanas atrás, realizaram manifestações de respaldo ao Irã. O principal grupo é o Quebracho, que reúne trotskistas e maoístas que apóiam a causa palestina, o Hezbollah, e pedem o fim da existência do Estado de Israel. O grupo costuma queimar bandeiras de Israel e dos EUA. Em outubro, o Quebracho causou alvoroço na capital ao tentar impedir uma manifestação de jovens judeus na frente da Embaixada do Irã.

A Argentina tem a maior comunidade judaica da América Latina, com quase 600 mil membros. O país também foi o berço do maior partido nazista do continente, nos anos 30, que reuniu 60 mil simpatizantes.