Título: A 40 dias do fim, CPI praticamente não avança
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2006, Nacional, p. A10

O dono da empresa MS Táxi Aéreo, Arlindo Dias Barbosa, omitiu fatos relevantes da Polícia Federal e pode ser indiciado por falso testemunho. Em depoimento anteontem, ele disse que não conhecia Valdebran Padilha - teria apenas negociado um vôo de São Paulo a Cuiabá - e não sabia 'qual era o passageiro e o que levaria de bagagem'. A PF acredita que Valdebran queria fazer o transporte do R$ 1,75 milhão para pagar o dossiê Vedoin, destinado a relacionar tucanos com a máfia das ambulâncias.

Ontem, o delegado Diógenes Curado ficou sabendo que Barbosa conhece Valdebran. As famílias dos dois são sócias numa outra empresa de táxi aéreo, a Airtechs, de Santo Antônio do Leverger, a 150 quilômetros de Cuiabá. 'Ele não podia ter omitido esse fato', queixou-se Curado, que decidiu tomar novo depoimento de Barbosa, agora como suspeito.

A Airtechs está registrada em nome do irmão de Barbosa, Orides, e de duas filhas deste, Ana Laura Cintra Barboza e Julianna Cintra Barboza. O delegado requisitou cópia da ata de constituição da empresa.

Valdebran também será convocado para novo depoimento a fim de esclarecer contradições na versão que apresentou.

FREUD

Também ontem, o vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, Raul Jungmann (PPS-PE), defendeu a quebra do sigilo bancário da Caso Sistemas e Segurança, empresa de Simone Godoy, mulher de Freud Godoy, ex-segurança do presidente Lula.

Jungmann disse que Freud precisa explicar as chamadas telefônicas que recebeu da Presidência entre os dias 15 e 17 de setembro, logo após a prisão de Valdebran e outro petista em São Paulo, com o dinheiro do dossiê. Nesse período, Freud recebeu 19 chamadas da Presidência, em seu celular.

Para o advogado de Freud, Augusto Botelho, as ligações não têm nada demais, considerando o fato de que seu cliente trabalhava na Presidência.