Título: Veredicto de Saddam amplia tensão
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2006, Internacional, p. A17

O Exército iraquiano foi colocado em estado de alerta dois dias antes do anúncio do veredicto do primeiro julgamento do ex-presidente Saddam Hussein, previsto para amanhã.

Saddam e sete de seus colab oradores são acusados pela morte de 148 xiitas na localidade de Dujail, em 1982, e podem ser condenados à morte por enforcamento. Teme-se que o anúncio provoque reações violentas.

'Estamos esperando tiros de comemoração daquele s que apoiarem o veredicto e ataques dos insurgentes que quiserem se vingar por ele', disse ontem o porta-voz do Ministério da Defesa, Mohammed Askari, acrescentando que um toque de recolher estava sendo considerado. O ministro da Defesa, Abdul Qader al-Obeidi, suspendeu as folgas dos oficiais iraquianos e convocou os reservistas. 'Quem estiver de licença deve voltar', afirmou.

O anúncio foi feito depois de um encontro com o premiê Nuri al-Maliki, em mais um dia de muita violência no Iraque. A polícia de Bagdá informou ter encontrado 83 corpos com marcas de tortura em 36 horas. As vítimas provavelmente foram mortas por milícias sectárias, que nos últimos meses vêm promovendo uma escalada dos ataques no país.

O julgamento do incidente em Dujail será o primeiro processo contra Saddam a ser concluído no chamado Tribunal Especial Iraquiano. 'Já estava mais do que na hora de se chegar a um veredicto', disse ontem o chanceler iraquiano, Hoshyar Zebari, em visita à França. Desde agosto, Saddam também está sendo julgado pelo massacre de 180 mil curdos, entre 1987 e 1988. Ao menos mais seis processos ainda podem ser abertos contra ele.

Em uma carta enviada no domingo à Casa Branca, o advogado de Saddam, Khalil Dulaimi, disse que uma condenação do ex-presidente poderia desatar uma guerra civil no país.

Na quarta-feira, o Ministério do Interior iraquiano divulgou medidas de segurança para prevenir 'emergências' amanhã.

AMERICANOS

Novembro começou com mais baixas para as tropas americanas no Iraque. Com o anúncio da morte de quatro marines e três soldados, sobe para 8 o total de militares mortos no mês. Em outubro, as baixas somaram ao menos 105, o maior número desde janeiro de 2005.