Título: Antes de se eleger deputado, Ciro já fala na Presidência em 2010
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/09/2006, Nacional, p. A24

Com a eleição para a Câmara praticamente garantida, o ex-ministro Ciro Gomes (PSB) começou a se posicionar como alternativa para concorrer à Presidência em 2010. Ciro admite ser o candidato de Luiz Inácio Lula da Silva, caso o presidente seja reeleito. Na sua avaliação, o PT não tem hoje um nome forte para ser o sucessor de Lula daqui a quatro anos. E o PSDB vive um momento difícil, provocado pela hegemonia dos paulistas na legenda.

'A tensão no PSDB é muito forte e há um vazio no PT, que não tem quadros notórios para rivalizar nas próximas eleições presidenciais. E é claro que posso ser a opção para 2010', diz. 'Mas estou sem pressa e sem pretensões.' Ciro, que perdeu 12 quilos na maratona da campanha, deve ser o deputado mais votado do Ceará amanhã, com cerca de 400 mil votos.

Uma das hipóteses que ele admite é a formação de uma chapa para 2010 com o atual governador de Minas, o tucano Aécio Neves. 'É claro que é possível uma chapa Aécio/Ciro', afirma. Ciro foi do PSDB, que deixou em 1996, e já tentou a Presidência em 1998 e 2002. Para ele, a briga interna no PSDB ficará explícita já na semana que vem, caso Lula seja reeleito amanhã. E mais uma vez, na sua opinião, os paulistas tentarão manter a hegemonia. É aí que entra a possibilidade de Aécio Neves vir a formar uma chapa com Ciro Gomes na próxima disputa presidencial, daqui a quatro anos.

Com dificuldades de espaço no PSDB, o mineiro Aécio já recebeu convites para entrar em outras legendas. Mas ele sonha em ser o candidato tucano à Presidência em 2010. Só que o ex-prefeito José Serra, que provavelmente será eleito governador de São Paulo já no primeiro turno, também almeja disputar novamente o Planalto - em 2002, foi derrotado por Lula. Se Aécio vier a perder a disputa para Serra, pode deixar o PSDB e entrar na corrida presidencial de 2010 por outro partido.

Nesse caso, uma das possibilidades é que Aécio vá para o PMDB. O tucano já foi convidado pelo presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), e pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).

Outra idéia é fazer um novo partido, que seria formado por 'políticos lulistas' que não têm condições de entrar no PT. Ciro observa, no entanto, que hoje não 'vê muita disposição' em Aécio para deixar o PSDB.

PADRINHO

Prefeito de Fortaleza e governador do Ceará na década de 90 pelo PSDB, além de ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Ciro lembra que saiu do partido precisamente pelo que chama de 'supremacia da dinastia paulista' na sigla. Depois de passar pelo PPS, pelo qual disputou duas vezes a Presidência, Ciro foi no ano passado para o PSB. Mesmo em campos políticos opostos, mantém uma amizade umbilical com seu padrinho político, o atual presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).

Tasso tentou convencer Ciro a concorrer ao governo do Ceará nestas eleições. O presidente do PSDB queria que o atual governador, o tucano Lúcio Alcântara, disputasse o Senado. Mas o ex-ministro preferiu dar espaço para seu irmão mais novo, Cid Gomes (PSB), que foi duas vezes prefeito de Sobral. Alcântara não aceitou a candidatura de Cid Gomes e saiu candidato à reeleição, sem o apoio de Tasso. Segundo as últimas pesquisas de opinião, Cid deve ser eleito amanhã, já no primeiro turno, para comandar o Estado.