Título: Herança de Rosinha é rombo de R$ 2 bilhões
Autor: Roberta Pennafort, Alaor Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/10/2006, Nacional, p. H20

Para deputado, Estado está `no limite¿ de descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)

O governador eleito do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), terá de administrar no início do ano ¿restos a pagar¿ entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. O valor é referente a despesas feitas em 2006, mas não cobertas no orçamento do Estado.

¿A situação seria pior se o governo não tivesse segurado o gasto nos últimos meses, inclusive na gasolina para carros da polícia¿, diz o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB). Segundo ele, o orçamento deste ano está ¿no limite¿ de descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Para Rocha, o quadro é resultado da falta de planejamento, já que o orçamento de 2006 estava estimado em R$ 35 bilhões.

DESAFIOS

Cabral terá também de investir em segurança pública, calcanhar-de-aquiles dos últimos governos. Para o sociólogo Inácio Cano, um dos desafios é concluir o projeto Delegacia Legal. Noventa cadeias - informatizadas e sem carceragem - estão prontas e 30, licitadas.

Outra frente é reduzir a taxa de homicídios, que ficou em 43 para cada 100 mil habitantes no ano passado. ¿O plano deve ter metas verificáveis. É preciso priorizar capital e Baixada Fluminense¿, diz o sociólogo. Cano ainda ressalta a necessidade de modificar o policiamento em áreas carentes e melhorar a investigação.

Na área da saúde, a situação é catastrófica, diz o presidente da Comissão de Saúde da Assembléia do Rio, deputado Paulo Pinheiro (PPS). O principal entrave é o orçamento para 2007, em estudo pelos deputados. Da proposta enviada pela governadora Rosinha Matheus consta redução de 47% no orçamento da rubrica ¿investimentos¿, em relação a 2006.

O professor Luiz César de Queiroz Ribeiro, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur), aponta um quadro grave nos transportes. ¿Vivemos uma crise de mobilidade, pois o mercado de trabalho está concentrado nas áreas ricas. Isso aumenta a pressão para o crescimento das favelas onde a acessibilidade é maior¿, diz o professor. A sugestão de Ribeiro é priorizar um metrô de superfície.