Título: Jornalistas denunciam restrições
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/08/2006, Internacional, p. A26

A organização Repórteres sem Fronteira (RSF) e o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) pediram ontem que as autoridades cubanas permitam a entrada "sem restrições" de jornalistas no país. Segundo a RSF, o governo cubano, "acostumado a vigiar a imprensa estrangeira, reforçou o controle do acesso à ilha" após o anúncio do afastamento temporário de Fidel Castro do poder, na segunda-feira.

O representante da CPJ disse que o comitê está preocupado com notícias de que Cuba está recusando vistos a jornalistas. Mais de 20 repórteres foram expulsos ou não puderam entrar no país por estarem trabalhando sem o visto necessário, segundo funcionários do ministério cubano das Relações Exteriores. Os funcionários defenderam ontem a posição do governo cubano dizendo que "quem viola as disposições legais (para conseguir o visto de trabalho de jornalista), intencionalmente ou por desconhecimento, tem vetada a entrada no país, um direito soberano do Estado de Cuba". Na quinta-feira, um funcionário do centro de imprensa internacional em Havana disse que "não se pode fazer jornalismo com visto de turista". O trâmite para se conseguir o visto especial é de 21 dias.

Para as entidades de jornalistas, porém, está havendo um abuso do governo cubano para evitar a cobertura da situação na ilha. "Parece que o regime quer evitar que haja muitos jornalistas na ilha no atual contexto, cheio de incertezas", acusou a RSF, que qualificou a situação de "lamentável".

Mais de 150 repórteres de todo o mundo pediram vistos de imprensa desde a noite de segunda-feira até sexta, segundo fontes oficiais.

Repórteres Sem Fronteiras manifestou também preocupação com os jornalistas independentes, que teriam sido ameaçados indiretamente por altos oficiais do Exército. Segundo a RSF, houve um pedido para que eles "não gerem desordens".