Título: Após recuo do TSE, divisão interna trava decisão do PMDB
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2006, Nacional, p. A8

Passado o "tsunami" que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) provocou nos partidos políticos no início da semana, com a desistência anteontem do órgão de tornar mais rigorosa a regra das coligações partidárias para a eleição deste ano, o PMDB ainda faz mistério sobre seu futuro em São Paulo.

Até agora, os caciques do partido não definiram se terão candidatura própria no Estado ou se irão se render às ofertas que tanto PSDB quanto o PT fizeram ao ex-governador Orestes Quércia, presidente do PMDB paulista. Com a verticalização como está, nos mesmos moldes de 2002, as duas possibilidades são viáveis (veja quadro).

Quércia tem repetido que vai trabalhar para conseguir a unidade dentro do PMDB em prol de sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes. Na avaliação do ex-governador de São Paulo (1987 a 1991), é importante para o fortalecimento da legenda ter candidatura própria no maior Estado do País. "A verdade é que, neste momento, há uma divisão dentro do partido sobre a minha candidatura. Estou disposto a ser candidato, sim. Mas só entrarei na disputa se não houver racha."

O consenso no partido em torno de seu nome, admitiu o próprio Quércia, é "difícil" de ser conseguido. Apesar disso, diz que tem tempo, pelo menos cerca de dez dias, para trabalhar pela unidade. O ex-governador paulista também aguarda o resultado de pesquisas encomendadas pela legenda para avaliar o potencial de crescimento de sua candidatura.

Entre os que trabalham contra a candidatura de Quércia ao governo está o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), principal defensor de uma aliança com o PSDB de José Serra. Caso o PMDB não confirme sua candidatura ao governo, a tendência do partido é apoiar o tucano, ao invés de Aloizio Mercadante (PT). Do petista, Quércia recebeu a oferta de indicar o candidato a vice-governador. Do lado do PSDB, foi oferecida a vaga ao Senado.

A aliança com o PT de Mercadante é dada como praticamente "descartada" pelo PMDB no Estado. Mas Quércia também não demonstra animação em voltar a disputar o Senado. Na avaliação de peemedebistas, dificilmente alguém é capaz de bater hoje o senador Eduardo Suplicy (PT), que luta pela renovação do mandato.