Título: Abbas já tem data para o referendo: 31 de julho
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2006, Internacional, p. A16

Presidente palestino vai convocar a consulta popular caso o Hamas não aceite, até amanhã, o plano que reconhece implicitamente Israel

O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas, fixou a data de 31 de julho para a realização do referendo sobre o Plano dos Prisioneiros - que propõe a criação de um Estado palestino nas fronteiras anteriores a 1967 e reconhece implicitamente Israel. Isso se até amanhã o Hamas - grupo islâmico radical que governa os palestinos - não concordar com esse plano, feito pelos palestinos detidos em Israel, entre eles membros do próprio Hamas e de outros grupos radicais, como a Jihad Islâmica.

"Se o diálogo fracassar, o presidente baixará o decreto neste sábado", disse o porta-voz da AP, Abu Rudaina. "Vamos aguardar uma resposta só até sábado."

O Hamas, a Jihad e outras três facções radicais menores rejeitam categoricamente a iniciativa, que prevê um Estado palestino em Gaza e Cisjordânia, com capital em Jerusalém Oriental. Esses grupos não aceitam a idéia de dois Estados na região e defendem a extinção pura e simples de Israel. Segundo líderes do Hamas, a única força política que apóia esse plano é a Fatah, facção de Abbas, derrotada nas eleições legislativas de 25 de janeiro. Mas prosseguem as conversações entre Abbas e Ismail Hanieyeh, primeiro-ministro palestino e dirigente do Hamas. Hanieyeh considera "desnecessária e ilegal" a consulta popular. Ele tem argumentado que a "vibrante" vitória eleitoral do Hamas é uma prova incontestável de que os palestinos aprovam os planos e diretrizes da facção em relação ao futuro Estado palestino.

A Fatah, facção da Organização de Libertação da Palestina liderada por Abbas, apoiou e participou das conversações de paz de 1993 em Oslo entre palestinos e israelenses.

Em meio a esse clima, helicópteros militares israelenses mataram, num ataque no acampamento de refugiados de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, um dirigente do Hamas. Trata-se de Jamal Abu Samhadana, supervisor do Ministério do Interior e líder do chamado Comitê de Resistência Popular (CRP). Ele era acusado pelo governo israelense de ser um dos mais ferrenhos adeptos da extinção de Israel dentro do Hamas e de comandar ataques com foguetes contra povoados israelenses ao norte de Gaza. Samhadana foi o primeiro membro do Hamas morto pelos israelenses desde que a facção assumiu o governo palestino, em março. "Israel sabia que Abu Samhadana trabalhava para o governo e, com seu assassinato, envia uma mensagem clara de que todos os integrantes do gabinete, incluindo o primeiro-ministro, são seus alvos", reagiu o porta-voz do Hamas, Ghazi Hamad.