Título: Depois da pizza, João Magon discursa. Para ninguém
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2006, Nacional, p. A4

Um mês e dois dias depois de ser absolvido pelo plenário da Câmara e ter merecido da colega Ângela Guadagnin (PT-SP) a célebre dança da pizza, o deputado João Magno (PT-MG) voltou à tribuna e viveu a solidão do plenário. Durante seis minutos falou sobre investimentos no Vale do Aço, em Minas, onde se concentram seus eleitores. Ninguém o ouviu. João Magno discursou para o vazio.

"Senhoras e senhores parlamentares, venho destacar nesta tribuna o crescimento da economia do meu Estado de Minas Gerais, dando como exemplo o que ocorre no município de São Gonçalo do Rio Abaixo, na região do Médio Piracicaba, no Vale do Aço de Minas Gerais", disse, ao abrir o discurso. Foi uma cena teatral. Não havia ninguém ali. Nem senhora nem senhor deputado. Claro, a TV Câmara estava no ar e a imagem mostrada pelos sinais emitidos por ela era apenas a de João Magno. Mais tarde, a Voz do Brasil transmitiria parte do discurso do petista.

Sem nenhum constrangimento por falar para cadeiras vazias, continuou: "De olho na demanda chinesa por aço, a Companhia Vale do Rio Doce está investindo mais de US$ 1 bilhão na mina de Brucutu e, com isso, gerando empregos, renda e impostos para o município." Em seguida, citou o prefeito da cidade - Nozinho, sem mencionar o partido ou o nome todo - e disse que ele faz um bom trabalho e investe em novos recursos públicos no sistema de saúde, transporte de estudantes, tratamento de água, abertura de estradas e infra-estrutura urbana.

"A economia local movimentava cerca de R$ 2,6 milhões por mês até pouco tempo atrás. Com os investimentos da Vale, até 2008 a injeção de recursos será de R$ 87 milhões; a partir de 2009, quando a usina de Brucutu estiver operando na capacidade máxima, a renda aplicada no município subirá para R$ 218 milhões por ano", prosseguiu.

REIVINDICAÇÃO

Apesar de elogiar a Companhia Vale do Rio Doce, Magno disse - ainda para as cadeiras vazias - que antes de ser privatizada a empresa tinha ação social mais intensa na região. Por isso, cobrou mais investimentos da Vale para atender às cidades de Santa Bárbara, Barão de Cocais, João Monlevade e São Gonçalo.