Título: Acordos salariais são os melhores desde o Real
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2005, Economia, p. B3

As negociações coletivas das categorias de sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) apresentaram no segundo semestre de 2004 o melhor resultado desde o Plano Real. Segundo estudo inédito elaborado pela CUT São Paulo, em parceria com o Centro de Estudos Econômicos da Unicamp (Cesit) e com a Escola Sindical São Paulo, 96% dos acordos coletivos, assinados na segundo metade do ano passado conseguiram aumento real. O levantamento analisou 29 convenções coletivas do setor privado de São Paulo, que representam 747,518 mil trabalhadores em todo o Estado. O resultado teve como referência o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A CUT-SP destaca que a inflação calculada pelo INPC oscilou entre 5,57% e 6,64% no segundo semestre. Os reajustes conquistados pelas categorias filiadas à central sindical variaram de 6% a 12,1% e beneficiaram os ramos da Saúde (farmacêutico), Químico (papel e papelão e petroleiros), Construção Civil (cal e gesso), rurais (lavoura branca), Hoteleiro, Metalúrgico e Bancário.

Neste estudo, os principais destaques foram os petroleiros, que conquistaram 12,1% de reajuste ante uma inflação de 6,64%. Na seqüência, vieram os metalúrgicos (entre 10% e 10,15%, ante inflação de 6,64% e 5,72%) e bancários (8,5%, mais R$ 30 incorporado ao salário, ante inflação de 6,64%). Comerciários, químicos e empregados do segmento de Cal e Gesso e de Papel e Papelão obtiveram reajuste de 8%, ante uma inflação menor que 6%.

Somente uma categoria teve reajuste menor do que a inflação passada: os enfermeiros, que obtiveram 6,02% de reajuste para o setor de filantropia - a inflação no período foi de 6,30% e a data-base da categoria é em setembro. Segundo o levantamento, uma novidade analisada está ligada aos pisos salariais. Nas 29 convenções, os pisos estão acima do salário mínimo, hoje em R$ 260. A maioria se encontra na faixa de 1,5 a 3 salários mínimos (81% dos casos).

O setor da indústria de transformação apresenta um piso médio de R$ 497, que corresponde a 1,9 salário mínimo. No setor de serviços, o piso é maior: R$ 552,50, o que representa 2,1 salários mínimos. Os pisos mais elevados se encontram nos sindicatos de profissionais liberais (farmacêuticos e enfermeiros), que chegam a apresentar um salário base maior do que cinco mínimos.

Os técnicos que elaboraram o estudo argumentam que o resultado positivo do segundo semestre está relacionado ao crescimento do PIB e do emprego, em alguns segmentos industriais, e às significativas perdas do poder de compra acumuladas desde 1997 e acentuadas em 2003.