Título: Amorim lança programa de alimentação hoje no Haiti
Autor: Lourival Sant'Anna
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2004, Nacional, p. A8

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, lança hoje no Haiti três programas de ajuda para incrementar a alimentação no país. O maior proverá merenda escolar para 35 mil crianças ao longo de 2005. Será custeado pelo Banco Mundial, que entrará com US$ 789 mil, e pelo governo brasileiro, que dará US$ 300 mil. Amorim também entregará 200 dos 15 mil kits de material escolar que serão doados a alunos carentes. A entrega será numa escola chamada Duque de Caxias, reformada com ajuda de militares brasileiros. Bolsas e cadernos trazem mapas e bandeiras do Brasil e do Haiti, com a divisa da Brigada Brasileira no país, "Unidos pela paz". Com 1.200 militares, o Brasil comanda a força multinacional de 6 mil homens no Haiti.

Em outros dois programas financiados exclusivamente pelo Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vai capacitar agricultores e introduzir novas variedades para a produção de mandioca e castanha do caju. Em visita anterior ao Haiti, técnicos da Embrapa constataram que o volume da produção total de castanha de caju no país equivale ao de uma fazenda média no Ceará. Portanto, uma ajuda nessa área pode fazer grande diferença. Será introduzido o cajueiro anão precoce, desenvolvido pela Embrapa. Para a mandioca, serão destinados US$ 119.400 ao longo de dez meses; para a castanha, US$ 121.680, durante dois anos e três meses.

Além de visitar as tropas brasileiras, Amorim se reunirá com o presidente Boniface Alexandre e o primeiro-ministro Gérard Latortue, que assumiram interinamente depois da queda do presidente Jean-Bertrand Aristide, em fevereiro. Há eleições previstas para o fim do ano que vem. Amorim deve se reunir também com representantes da oposição que apoiavam Aristide. Exilado na África do Sul, Aristide diz que sua remoção do poder foi um "golpe de Estado" patrocinado pelos Estados Unidos.

No fim da tarde, o chanceler viaja para Paramaribo, para preparar a visita ao Suriname do presidente Lula, em fevereiro, na reunião de cúpula da Comunidade Caribenha. Depois do acordo fechado entre Mercosul e Comunidade Andina em outubro, faltam apenas Suriname, Guiana e Guiana Francesa para formar uma área de livre comércio em toda a América do Sul, ambição do governo Lula.

Amorim assinará com o presidente Runaldo Ronald Venetiaan um tratado de extradição, para reforçar o combate ao crime organizado. O Suriname é uma conexão internacional do tráfico de drogas e do contrabando de armas, usada por narcotraficantes brasileiros, além de ser um dos destinos das redes de aliciamento de prostitutas brasileiras. Será assinado também um acordo de migração, para regularizar a situação de brasileiros que trabalham no Suriname. O chanceler