Título: Avestruz Master diz que vai pagar. Mas há dúvidas
Autor: João Unes
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2005, Economia & Negócios, p. B7

Sede de Goiânia abriu ontem, com sócio da empresa pedindo calma aos investidores e garantindo o início do pagamento dos clientes a partir de amanhã

A Avestruz Master reabriu parcialmente as portas ontem, depois de três dias de suspense. O sócio-fundador da empresa Jerson Maciel Júnior - filho do sócio majoritário do empreendimento -, garantiu que iniciará os pagamentos a partir de amanhã. Mesmo assim, os investidores não sabem se terão o dinheiro de volta. Centenas de investidores aguardavam a abertura das agências da empresa no Setor Bueno, em Goiânia. Dois carros da Polícia Militar fizeram a segurança do local, mas não houve tumulto. No interior de Goiás, poucas lojas abriram. Os clientes foram atendidos em grupos de dez e informados que amanhã seriam feitos os pagamentos . Um médico, que não quis se identificar, declarou que estava satisfeito com as explicações, mas que, de qualquer forma, teria de esperar até amanhã: "Apliquei tudo que economizei a vida inteira e não tenho uma resposta satisfatória."

Maciel Junior pediu calma aos investidores. Reiterou o pagamento de todos amanhã e negou que o pai, Jerson Maciel, tenha fugido do País. "Ele continua em Goiânia", garantiu, acrescentando que o ativo da Avestruz Master é maior que o passivo. "Isso mostra que a empresa não vai decretar falência", afirmou.

Nas fazendas onde as aves são criadas, o movimento de funcionários foi intenso. As unidades de Bela Vista e Senador Canedo, na Grande Goiânia, fecharam ao público. Antes, os investidores podiam visitar as aves que adquiriram.

As obras do abatedouro e frigorífico de avestruzes, em Bela Vista, a 45 quilômetros de Goiânia, continuam e a previsão de inauguração no dia 19 deste mês está mantida. O empreendimento, de 12 mil metros quadrados, está com 90% das obras concluídas e deve consumir cerca de US$ 20 milhões.

Apesar das declarações de Maciel Júnior, muitas perguntas permanecem sem resposta. Não há uma lista de investidores nem a relação da quantidade de aves criadas nas fazendas do grupo. Para forçar a empresa a responder essas dúvidas, foi convocada na tarde de ontem uma reunião de emergência entre representantes do Procon estadual e Ministério Público Federal e Estadual. "Precisamos aferir se há viabilidade econômica para construção do abatedouro", afirmou Cláudio Braga, coordenador do centro de apoio do MP. Ele vai encaminhar pedido oficial à direção da empresa requisitando as informações. "Precisamos ainda de uma lista de investidores e do total de animais nas fazendas."