Título: Em 5 ocupações, sem-teto mobilizam 2 mil
Autor: Camilla Haddad
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2005, Metrópole, p. C1

Objetivo de ofensiva é obrigar União, Prefeitura e Estado a negociarem; invasão de propriedade não é o caminho, afirma Alckmin

Tentar forçar um diálogo com as três esferas de governo tem sido a mais nova tática usada por movimentos de sem-teto em São Paulo. Um exemplo dessa estratégia ocorreu ontem, quando mais cinco "ocupações-denúncia" movimentaram a madrugada da capital. Desta vez, 2 mil pessoas ligadas à União dos Movimentos de Moradia (UMM) montaram barracas em terrenos nas zonas leste e oeste. Foram invadidos áreas da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), Secretaria Municipal de Habitação e Secretaria de Patrimônio da União. Na quinta, a Frente de Luta por Moradia (FLM) já havia invadido cinco locais da cidade, que foram desocupados no mesmo dia. A última invasão aconteceu após a meia-noite de ontem. Mas, cinco horas depois, as áreas já estavam desocupadas. Eles mesmos saíram. "Não queremos ocupar os terrenos para morar, mas sim para forçar as reuniões com o governo", afirmou o secretário-geral da UMM, José de Abraão.

À tarde, cerca de 200 pessoas do UMM promoveram manifestações. O protesto começou nas escadarias da Catedral da Sé, no centro, e percorreu as sedes da Companhia Habitacional de Desenvolvimento Urbano (CDHU), Secretaria Municipal de Habitação e terminou nas proximidades da Caixa Econômica Federal, também na Praça da Sé. Os sem-teto permaneciam acampados no local até a noite de ontem.

Com relação ao governo estadual, a UMM diz que desde 2000 não há um único novo empreendimento de mutirão e que contratos assinados pelo governador Mário Covas estariam parados. Eles dizem também que a Prefeitura paralisou todos os empreendimentos habitacionais de interesse social, tendo abandonado 31 empreendimentos. O governo federal também foi alvo de críticas. De acordo com Abraão, a maioria dos programas federais não atende as famílias com renda abaixo de três salários mínimos.

O governador Geraldo Alckmin disse que o caminho não é invadir propriedade e afirmou que São Paulo é um dos poucos Estados do Brasil que investem dinheiro do orçamento em habitação. A Secretaria Municipal de Habitação declarou que não procedem as exigências dos movimentos de moradia, pois todas as reivindicações já foram atendidas pela gestão José Serra. Prefeitura anuncia o início das obras de mais 25 conjuntos habitacionais que beneficiarão 3.300 pessoas

Durante ato comemorativo dos 40 anos da Cohab, também foram assinados convênios com a CDHU para a elaboração de projetos arquitetônicos de outras

2.983 unidades e a implantação de um sistema de cadastro integrado de demanda de famílias interessadas nos programas habitacionais na cidade de São Paulo

A Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB), que completará 40 anos no próximo dia 16, iniciou a semana de comemorações com boas notícias para a população que sonha com a sua moradia. Nesta segunda-feira (7), durante solenidade no Edifício Matarazzo, sede da Prefeitura de São Paulo, o prefeito José Serra firmou parceria com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) para o início das obras de construção de 25 novos conjuntos habitacionais. No total serão 1.233 unidades, em Cidade Tiradentes, Itaquera e Pirituba, que beneficiarão 3.300 pessoas.

As unidades serão erguidas em terrenos da COHAB com recursos do governo estadual, por meio da CDHU. O valor total das obras é de R$ 39.652.000,00 e a contrapartida da Prefeitura (25%) refere-se ao terreno, projeto e infra-estrutura do entorno.

A Caixa Econômica Federal disse que as reivindicações serão encaminhadas aos órgãos competentes.