Título: Confiança do consumidor tem discreta melhora
Autor: Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2005, Economia & Negócios, p. B4

Novo índice da FGV mostra que a perspectiva de queda do juro básico e a economia sem influências da crise política determinam o cenário

Um novo índice mensal, divulgado ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que a perspectiva de queda do juro e a economia blindada em relação à crise política levaram a uma melhora discreta na confiança do consumidor em outubro. A primeira edição do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) apontou alta de 1,5% em outubro ante setembro. Mas a maioria dos consumidores ainda não sabe se essa melhora conduzirá à maior oferta de emprego. Por isso, não planeja comprar produtos caros, como carros e imóveis, nos próximos seis meses. O índice foi criado a partir de um levantamento trimestral que era feito pela FGV e que passou a ter periodicidade mensal. O cálculo foi feito com base nos resultados da Sondagem das Expectativas do Consumidor de outubro, para a qual foram ouvidos 2.031 consumidores, entre os dias 1.º e 21.

Segundo o coordenador de Sondagens Conjunturais da FGV, Aloisio Campelo, o ICC sintetiza as respostas da sondagem, que tem 18 perguntas fixas, e abrange apenas 5 quesitos: 3 sobre a situação futura, e 2 sobre o cenário atual.

Em outubro, dos 5 quesitos, 1 foi otimista, 1 registrou estabilidade nas respostas e 3 apresentaram respostas pessimistas. Campelo não deu grande importância ao maior número de respostas pessimistas: "Os sinais de deterioração (da confiança) não foram tão fortes, foram pequenos. Nenhum quesito está despencando."

Segundo ele, o resultado total do indicador foi puxado pelo forte avanço de apenas um quesito: o consumidor está muito otimista quanto à situação econômica local futura, ou seja, da região onde mora. A parcela dos consumidores que aposta em melhora nesse quesito, nos próximos 6 meses, subiu de 23,8% em setembro para 28,3%.

Além disso, a participação dos consumidores que espera piora caiu de 21,3% para 16,2%. "O fato de a economia ter passado incólume pela crise política e a perspectiva de queda nos juros nos próximos meses ajudaram", disse Campelo.

Mas esse otimismo não se reflete nas respostas sobre a atual situação econômica local, cujo conjunto de respostas apresentou estabilidade. O economista da FGV esclareceu que, segundo o levantamento, os consumidores estão pessimistas em três quesitos: situação financeira familiar atual; situação financeira familiar futura e nível de emprego futuro.

A baixa confiança em oferta de postos de trabalho, no futuro, atingiu um outro quesito que não faz parte do ICC, mas está presente nas perguntas da sondagem: a intenção de comprar produtos de maior valor agregado.

"Se o consumidor acha que não vai ter emprego no futuro, ele não se arrisca a comprar coisas muito caras, com perspectiva de financiamentos longos", disse Campelo. Segundo ele, subiu de 90,9% para 91,7% a parcela dos consumidores que informaram não ter intenção de comprar imóvel nos próximos seis meses.

Ao mesmo tempo, subiu de 76% para 80% a participação dos entrevistados que revelaram não pretender comprar automóvel nos próximos 6 meses.