Título: Advogado depõe na CPI quarta
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/08/2005, Nacional, p. A5

BRASÍLIA - Ex-assessor do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o advogado Rogério Buratti vai depor quarta-feira na CPI dos Bingos. Buratti foi reconvocado para explicar as denúncias que fez, em depoimento ao Ministério Público de São Paulo. O advogado disse que Palocci teria recebido propina de R$ 50 mil de uma empresa de coleta de lixo na época em que era prefeito de Ribeirão Preto. Esta semana, a CPI dos Correios vai ouvir Ivan Guimarães, ex-presidente do Banco Popular do Brasil, e Marcos Vinícius Vasconcelos, genro do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Hoje, o ex-ministro José Dirceu envia ao Conselho de Ética sua defesa às acusações de que seria um dos idealizadores do pagamento do mensalão.

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), deverá apresentar até sexta-feira o relatório parcial com os nomes dos 18 deputados envolvidos nas denúncias do mensalão. Serraglio pretende enviar seu relatório parcial para o presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), que irá definir se encaminha os casos para o Conselho de Ética. O relator deu o prazo até esta quarta-feira para que os 18 deputados encaminhem suas defesas. "Minha idéia é elencar todas as pessoas referidas e o que temos de prova em relação a cada uma delas", explicou Serraglio.

A CPI do Mensalão vai tomar o depoimento, amanhã, do presidente do PL e ex-deputado Valdemar Costa Neto. Ele renunciou ao mandato depois de admitir que recebeu dinheiro do PT. Além de Buratti, a CPI dos Bingos irá ouvir Marcelo Sereno, que foi tesoureiro da campanha de Benedita da Silva ao governo do Rio e trabalhou com José Dirceu na Casa Civil. A CPI também irá ouvir três ex-presidentes da Caixa Econômica Federal sobre os contratos da instituição com a Gtech.

Há cerca de dez dias, quando depôs pela primeira vez na CPI dos Bingos, Buratti disse que, desde 1994, quando deixou o cargo de secretário de governo de Ribeirão Preto, seus contatos com o ministro Palocci passaram a se dar em "situações ocasionais", quando só se cumprimentavam. Com a quebra de seu sigilo telefônico, o número de Juscelino Dourado, chefe de gabinete do ministro, aparece entre os mais acionados por Buratti em fevereiro e março do ano passado.