Título: 'Fim da greve no INSS é prioridade'
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2005, Economia & Negócios, p. B5

Acabar com a greve é a maior prioridade do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), disse ontem o novo presidente do órgão, Waldir Moisés Simão, ao assumir o cargo. A paralisação já dura dois meses e está deixando sem atendimento milhares de cidadãos. A prioridade dada por Simão foi reforçada pelo ministro da Previdência Social, Nelson Machado, que presidiu a solenidade. Ele disse que fará tudo o que estiver ao seu alcance para reabrir o canal de negociação entre o governo e os grevistas. Existe uma mesa de negociação coordenada pelo Ministério do Planejamento.

"Precisamos acabar com a greve", disse o ministro. "É inadmissível para todos nós que nos últimos 10 anos os servidores tenham ficado parados por mais de 400 dias", acrescentou, referindo-se a reportagem do Estado publicada na edição de ontem.

Para Nelson Machado, a Previdência tem o desafio de mudar a sua imagem e ela só será mudada com um bom atendimento à população. Essa é, aliás, a prioridade um do INSS. "A qualidade do serviço prestado é a nossa carteira de identidade", observou Machado, na cerimônia.

O ministro apelou ao comando de greve dos servidores para que apresente, no mais breve prazo possível, uma proposta intermediária para a reabertura das negociações. "No momento, estamos sem proposta nenhuma", disse.

Machado contou que a última proposta do governo não foi aceita pelos servidores e foi retirada no último dia 22. Ele também observou que os servidores da Previdência foram beneficiados, na negociação realizada no ano passado, com uma proposta de reajuste diferenciada, que ainda está sendo paga.

""No dia 1º de junho, quando os servidores (da Previdência) entraram em greve, eles receberam 11% de reajuste", afirmou. "Outra parcela de 11% será paga em dezembro."

O ministro disse que, enquanto a solução para a greve não vem, a Previdência Social seguirá cumprindo a lei, o que implica corte dos dias parados dos servidores. Ele contou que já no fim do mês muitos servidores tiveram o contracheque zerado e a previdência está atuando firmemente nos Estados para cassar algumas liminares contrárias ao desconto dos dias parados.

Nelson Machado também disse que espera que a greve termine de forma negociada e civilizada. "Não nos interessa derrotar ninguém", comentou. "O que não podemos é ter uma greve a cada ano."

Na posse de parte da sua equipe - também estava presente o novo presidente da Dataprev, empresa de processamento de dados da previdência, Antônio Carlos Costa D Avila Carvalho -, o ministro cobrou profissionalismo dos novos colaboradores.

"Nosso prazo é curto e precisamos ser ligeiros na identificação dos problemas e do caminho a seguir', observou. Segundo o ministro, é também missão da casa acabar com a lenda de que a previdência tem déficit.

Ele argumentou que o sistema gasta R$ 140 bilhões em pagamento de benefícios e isso significa distribuição de renda e inclusão social.