Título: Aliados ficam com comando da CPI do Mensalão
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/07/2005, Nacional, p. A10

A cúpula da CPI do Mensalão, que vai investigar as suspeitas de compra de votos de deputados, foi definida ontem. O presidente será o senador Amir Lando (PMDB-RO), relator da mais célebre de todas as CPIs: a que apurou as atividades irregulares do empresário Paulo César Farias e resultou no impeachment do presidente Fernando Collor. A relatoria caberá ao deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), ministro da Justiça do governo do general João Figueiredo. Presidente e relator são de partidos da base aliada do governo Lula, mas são considerados pouco alinhados com o Palácio do Planalto.

Na primeira reunião, a CPI decidiu ontem pedir todos os documentos relativos à suspeita do pagamento de mesada a parlamentares para que votassem a favor de projetos de interesse do Palácio do Planalto. A comissão mandará requerimento à CPI dos Correios, à Corregedoria da Câmara, ao Conselho de Ética da Casa, à Polícia Federal e ao Ministério Público. A direção da CPI fará hoje reunião com a cúpula da CPI dos Correios, para acertar transferências de documentos.

A CPI do Mensalão investigará também se houve compra de votos no Congresso para a aprovação, em 1997, da emenda constitucional que permitiu a reeleição de cargos no Executivo. Por enquanto, fará apenas reuniões administrativas para examinar documentos. Por sugestão de seu relator, só começará a tomar depoimento depois do dia 2, quando o Congresso retoma seus trabalhos. "Primeiro, vamos separar tudo e fazer os extratos dos documentos relativos às nossas investigações", disse Abi-Ackel.

"Nossa ordem de trabalho será a denúncia, o fato e o castigo", disse Amir Lando. O castigo a que ele se refere será a cassação do mandato de quem teve mensalão.