Título: Auditora do INSS é presa por fraude de R$ 3 bi
Autor: Roberta Pennafort
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/05/2005, Nacional, p. A11

A auditora fiscal Maria Auxiliadora de Vasconcellos, presidente do sindicato da categoria no Rio, foi presa ontem de manhã sob suspeita de integrar um grupo de servidores que lesou a Previdência Social em R$ 3 bilhões. Segundo o Ministério Público Federal, ela recebia propina de empresas deficitárias para, em troca, declarar que elas nada deviam. O MPF a denunciou por corrupção passiva e pediu sua prisão preventiva. Numa conversa telefônica grampeada durante as investigações, a servidora menciona o envolvimento de pessoas ligadas à Federação das Indústrias do Rio (Firjan) no esquema. Elas teriam a atribuição de indicar empresas que estivessem dispostas a pagar para se livrar da fiscalização. Na gravação, Maria Auxiliadora diz que existe uma "caixinha da Firjan" para reunir dinheiro a ser usado no pagamento de uma "mensalidade" aos auditores corruptos.

Sozinha, Maria Auxiliadora teria dado ao INSS prejuízo de pelo menos R$ 9 milhões, referentes a débitos de nove empresas, entre elas algumas do setor de transporte. As dívidas anuladas por ela chegavam a cerca de R$ 2 milhões. As fraudes lhe renderam um patrimônio considerável: dez imóveis e três automóveis (dois importados). Segundo a denúncia, seus rendimentos são dez vezes maiores que a renda compatível com seu cargo.

Ela foi presa ontem às 6h30 em sua residência, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Se for condenada, poderá ficar até 24 anos na cadeia. Segundo o MPF, Maria Auxiliadora, que tem 57 anos e é servidora há mais de dez, faz parte do mesmo grupo dos 13 auditores presos em fevereiro. Outros 16 funcionários que também teriam lesado a Previdência estão sendo investigados. As prisões são resultado da força-tarefa integrada pelo Ministério Público, INSS e Polícia Federal para combater a corrupção.

Como presidente do sindicato, Maria Auxiliadora acobertaria a ação dos colegas. O procurador da República Fábio Aragão, responsável pela denúncia, disse que a entidade pode servir apenas de fachada. "Não encontramos na sede documentos relativos à atividade sindical, e sim planilhas de empresas", contou Aragão. O presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, disse que ficou "furioso" com a notícia. "Aqui não tem caixinha", afirmou, negando qualquer envolvimento no caso.