Título: Academia pede rigor em pesquisas com embriões
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Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2005, Vida&, p. A18

A Academia Nacional de Ciências, a mais importante organização científica dos EUA, publicou uma rigorosa lista de recomendações para pesquisas com células-tronco embrionárias. Também criticou o governo federal por não fornecer um direcionamento ético adequado para essa linha de estudo, e sugeriu a criação de um sistema de comitês nacionais e regionais para supervisionar projetos com embriões humanos. O relatório, de 131 páginas, recomenda a proibição do pagamento por óvulos humanos e a imposição de limites sobre a combinação de células humanas e animais (quimeras). A academia, formada por especialistas que aconselham o governo na tomada de decisão sobre temas científicos, espera que suas propostas sejam incorporadas tanto no setor público quanto privado. Especialmente em Estados como a Califórnia, que, a despeito da falta de apoio do governo federal, estão criando programas ambiciosos de pesquisa com células-tronco embrionárias. O relatório também deverá influenciar as discussões no Congresso, onde o tema é extremamente polêmico.

Muitos cientistas enxergam nas células-tronco embrionárias a possibilidade de criar tecidos especializados para o tratamento de doenças e recuperação de órgãos lesionados. A obtenção das células, entretanto, requer a destruição de embriões humanos, o que fez com que o Congresso e o presidente George W. Bush limitassem o financiamento federal às pesquisas com linhagens já existentes.

O relatório da academia condena a política restritiva de Bush e ressalta o potencial terapêutico das pesquisas. A academia recomenda que as instituições científicas criem um registro de todas as linhagens de células-tronco embrionárias com as quais estão trabalhando, assim como uma lista de todos os cientistas envolvidos na pesquisa, de modo que ela possa ser regulamentada.

A supervisão dos trabalhos "é essencial para garantir ao público que a pesquisa está sendo conduzida de uma maneira ética", diz o comitê da academia que avalia o assunto, coordenado por Richard Hynes, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e Jonathan Moreno, da Universidade da Virgínia.