Título: Atentado com 300 kg de explosivos mata ex-primeiro-ministro libanês
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/2005, Internacional, p. A12

Além de Rafic Hariri, nove pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas na violenta explosão em zona luxuosa de Beirute BEIRUTE - Uma potente explosão, provocada por cerca de 300 quilos de TNT, matou ontem em Beirute o ex-primeiro-ministro do Líbano Rafic Hariri e pelo menos outras nove pessoas. Mais de cem pessoas ficaram feridas, incluindo o ex-ministro da Economia Basil Fuleiham, que está em estado crítico. Foi o mais devastador ataque na capital libanesa desde o fim da guerra civil (1975-1990), quando atentados com bombas eram comuns (ler na página A13). O ataque remexeu nas velhas feridas do recente conflito num momento em que aumenta a pressão doméstica e internacional para a retirada dos cerca de 15 mil soldados da Síria do território libanês. Ex-aliado sírio, Hariri integrava a campanha pelo fim da ingerência de Damasco no país.

Em outubro, ele renunciou ao cargo de primeiro-ministro por não concordar com a extensão do mandato do presidente Emile Lahoud, com quem não se entendia. Mas continuou sendo um político influente.

Líderes oposicionistas emitiram um comunicado responsabilizando integralmente os governos do Líbano e da Síria pelo atentado, convocaram três dias de greve e pediram a renúncia do primeiro-ministro Omar Karami. Também exigiram a retirada das tropas sírias antes das eleições parlamentares, previstas para maio.

Outro ex-ministro da Economia, o agora oposicionista Marwan Hamadi, responsabilizou a Síria: "É um crime espantoso. A responsabilidade é conhecida. Começa em Damasco, passa pelo Palácio de Baabda (sede da presidência do Líbano) e pelo governo libanês." Na cidade natal de Hariri, Sidon, as lojas fecharam e jovens incendiaram pneus nas ruas. Em Beirute, os lojistas baixaram as portas (ler mais na página A13).

O Exército foi posto em alerta e instalou vários bloqueios nas ruas. O Conselho Supremo de Defesa, que reúne o presidente, ministros e o comando militar, instruiu as forças de segurança a tomarem todas as medidas para manter a segurança interna.

A Casa Branca condenou o ataque e voltou a exigir a saída das tropas sírias do Líbano. Já o governo sírio qualificou o atentado de "ato de terrorismo que visa a desestabilizar o Líbano". "Foi um ato criminoso horrendo", declarou o presidente da Síria, Bashar Assad.

Relatos iniciais indicam que a explosão foi causada por um carro-bomba, mas as autoridades não especificaram se os explosivos estavam num veículo ou na rua, situada numa área luxuosa e turística de Beirute. Uma desconhecida organização extremista islâmica, o Grupo de Apoio à Guerra Santa no Levante, assumiu a responsabilidade numa fita de vídeo enviada à TV árabe Al-Jazira. Levante é o nome histórico da região onde hoje ficam Síria, Líbano, Israel, Jordânia, Cisjordânia e Faixa de Gaza.

Um homem falando árabe disse que Hariri foi "executado" num atentado suicida por causa de sua ligação com a Arábia Saudita. "Este ataque é o início de uma série de operações de martírio contra os infiéis, renegados e tiranos", disse ele. Segundo a Al-Jazira, o vídeo identifica o atacante suicida como Ahmed Abu Adas. Menos de uma hora depois, a polícia libanesa invadiu a casa do homem que aparece no vídeo, também identificando-o como o palestino Ahmed Abud Adas. Vizinhos disseram que ele saiu cedo.

Não ficou claro se Adas seria o suposto suicida. Fontes na segurança libanesa disseram que ele é suspeito de ter ligações com a rede terrorista Al-Qaeda.

Hariri havia acabado de sair de uma reunião no Parlamento sobre as eleições de maio e trafegava, em seu carro blindado, num comboio com vários veículos. Alguns dos mortos eram guarda-costas dele. A explosão, diante do Hotel St. George, abriu uma profunda cratera na rua, destroçou Mercedes e fachadas de edifícios luxuosos e estilhaçou vidros a mais de 1 quilômetro de distância. "Tudo ao nosso redor ruiu", disse um operário sírio que estava perto. "Foi como se um terremoto atingisse a área." O estrondo pôde ser ouvido fora dos limites da cidade. Um ambulância ainda levou o corpo mutilado e queimado de Hariri para o hospital, onde os médicos disseram que já chegou sem vida.

Hariri era um dos homens mais ricos do mundo. Tinha investimentos em vários países, incluindo o Brasil (ler abaixo). Nos períodos em que chefiou o governo, usou suas ligações empresariais e políticas para atrair investimentos para o Líbano e, também, ampliar sua fortuna. BEIRUTE - Uma potente explosão, provocada por cerca de 300 quilos de TNT, matou ontem em Beirute o ex-primeiro-ministro do Líbano Rafic Hariri e pelo menos outras nove pessoas. Mais de cem pessoas ficaram feridas, incluindo o ex-ministro da Economia Basil Fuleiham, que está em estado crítico. Foi o mais devastador ataque na capital libanesa desde o fim da guerra civil (1975-1990), quando atentados com bombas eram comuns (ler na página A13). O ataque remexeu nas velhas feridas do recente conflito num momento em que aumenta a pressão doméstica e internacional para a retirada dos cerca de 15 mil soldados da Síria do território libanês. Ex-aliado sírio, Hariri integrava a campanha pelo fim da ingerência de Damasco no país.

Em outubro, ele renunciou ao cargo de primeiro-ministro por não concordar com a extensão do mandato do presidente Emile Lahoud, com quem não se entendia. Mas continuou sendo um político influente.

Líderes oposicionistas emitiram um comunicado responsabilizando integralmente os governos do Líbano e da Síria pelo atentado, convocaram três dias de greve e pediram a renúncia do primeiro-ministro Omar Karami. Também exigiram a retirada das tropas sírias antes das eleições parlamentares, previstas para maio.

Outro ex-ministro da Economia, o agora oposicionista Marwan Hamadi, responsabilizou a Síria: "É um crime espantoso. A responsabilidade é conhecida. Começa em Damasco, passa pelo Palácio de Baabda (sede da presidência do Líbano) e pelo governo libanês." Na cidade natal de Hariri, Sidon, as lojas fecharam e jovens incendiaram pneus nas ruas. Em Beirute, os lojistas baixaram as portas (ler mais na página A13).

O Exército foi posto em alerta e instalou vários bloqueios nas ruas. O Conselho Supremo de Defesa, que reúne o presidente, ministros e o comando militar, instruiu as forças de segurança a tomarem todas as medidas para manter a segurança interna.

A Casa Branca condenou o ataque e voltou a exigir a saída das tropas sírias do Líbano. Já o governo sírio qualificou o atentado de "ato de terrorismo que visa a desestabilizar o Líbano". "Foi um ato criminoso horrendo", declarou o presidente da Síria, Bashar Assad.

Relatos iniciais indicam que a explosão foi causada por um carro-bomba, mas as autoridades não especificaram se os explosivos estavam num veículo ou na rua, situada numa área luxuosa e turística de Beirute. Uma desconhecida organização extremista islâmica, o Grupo de Apoio à Guerra Santa no Levante, assumiu a responsabilidade numa fita de vídeo enviada à TV árabe Al-Jazira. Levante é o nome histórico da região onde hoje ficam Síria, Líbano, Israel, Jordânia, Cisjordânia e Faixa de Gaza.

Um homem falando árabe disse que Hariri foi "executado" num atentado suicida por causa de sua ligação com a Arábia Saudita. "Este ataque é o início de uma série de operações de martírio contra os infiéis, renegados e tiranos", disse ele. Segundo a Al-Jazira, o vídeo identifica o atacante suicida como Ahmed Abu Adas. Menos de uma hora depois, a polícia libanesa invadiu a casa do homem que aparece no vídeo, também identificando-o como o palestino Ahmed Abud Adas. Vizinhos disseram que ele saiu cedo.

Não ficou claro se Adas seria o suposto suicida. Fontes na segurança libanesa disseram que ele é suspeito de ter ligações com a rede terrorista Al-Qaeda.

Hariri havia acabado de sair de uma reunião no Parlamento sobre as eleições de maio e trafegava, em seu carro blindado, num comboio com vários veículos. Alguns dos mortos eram guarda-costas dele. A explosão, diante do Hotel St. George, abriu uma profunda cratera na rua, destroçou Mercedes e fachadas de edifícios luxuosos e estilhaçou vidros a mais de 1 quilômetro de distância. "Tudo ao nosso redor ruiu", disse um operário sírio que estava perto. "Foi como se um terremoto atingisse a área." O estrondo pôde ser ouvido fora dos limites da cidade. Um ambulância ainda levou o corpo mutilado e queimado de Hariri para o hospital, onde os médicos disseram que já chegou sem vida.

Hariri era um dos homens mais ricos do mundo. Tinha investimentos em vários países, incluindo o Brasil (ler abaixo). Nos períodos em que chefiou o governo, usou suas ligações empresariais e políticas para atrair investimentos para o Líbano e, também, ampliar sua fortuna.