Título: ANJ e Unesco lançam rede pela liberdade de imprensa
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/2005, Nacional, p. A7

Defesa do trabalho de uma mídia livre contará com o site na internet em www.liberdadedeimprensa.org.br Com o objetivo de acompanhar a liberdade de imprensa no País e lutar contra qualquer tentativa de coibi-la, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) lançaram ontem, em São Paulo, a Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (www.liberdadedeimprensa.org.br), durante o 1.º Encontro Regional sobre o tema. "A rede busca demonstrar que a liberdade de imprensa, à medida que aumenta a disponibilidade de informação para o público e promove a interação construtiva entre cidadãos e governo, contribui para o desenvolvimento social", destacou o conselheiro de comunicação e informação da Unesco para a América Latina, Andrew Radolf. "É preciso não só liberdade de imprensa, mas também de comunicação e expressão. São direitos fundamentais não só para a mídia, mas para toda a sociedade." O conselheiro da Unesco ressaltou que a mídia tem de ser livre para dizer o que acha que deve ser dito. Sem citar especificamente o Brasil, onde o governo cogitou, mas depois o Congresso arquivou a proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo, Radolf ressaltou que é a mídia que tem de traçar seus limites. "Nunca deve haver controle externo."

O representante da Unesco no Brasil, Jorge Werthein, também destacou a importância da liberdade de imprensa. E enfatizou a necessidade de o Brasil aperfeiçoar e intensificar seu sistema educacional, permitindo, desta maneira, que um maior número de pessoas tenha acesso à informação.

O presidente da ANJ, Nelson Sirotsky, observou que, sem a liberdade de informação e opinião, fica comprometida a democracia e todas as instituições dela derivadas. "Há uma tentativa exagerada de vários setores da sociedade de interferir na nossa atividade, no exercício de expressão livre, que é um direito do cidadão." Sirotsky destacou que a entidade acompanha "com apreensão" o grande número de projetos, relativos ao tema, que tramitam no Congresso e que "de alguma maneira afetam esses conceito de liberdade de expressão". O presidente da ANJ também mostrou preocupação com a classificada por ele de "indústria do dano moral', que "é uma provocadora de autocensura, extremamente perigosa para os veículos e profissionais".