Título: Acareação confirma Bida como mandante da morte de Dorothy
Autor: Carlos Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2005, Nacional, p. A9

Fazendeiro enfrentou calado fogo cruzado de pistoleiros, que

voltaram a afirmar que ele encomendou a morte de missionária O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, denunciado pelo Ministério Público como mandante da morte da missionária Dorothy Stang, ficou calado durante a acareação com o intermediário do crime, Amair Feijoli da Cunha, o Tato, e com os pistoleiros Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo. Ele foi bombardeado de acusações pelos pistoleiros, enquanto Tato preferiu também se manter calado. Bida se viu diante de um fogo cruzado, mas por orientação de seu advogado, Américo Leal, que considera a Polícia Civil interessada em "marcá-lo como criminoso", ficou impassível diante das afirmações de Fogoió e Eduardo. Os pistoleiros insistiram que o fazendeiro encomendou a morte de Dorothy, forneceu a arma e a munição, além da promessa de pagamento. E também revelaram um fato novo: tomaram banho de igarapé com Bida, um dia depois da morte de Dorothy.

Sobre esse novo detalhe, o advogado do fazendeiro saiu-se com a seguinte explicação: "Quem tem fazenda, no interior, vive muito isolado. Então, um acolhe o outro. Não é porque o Bida acolheu os dois que ele é mandante de crime".

O delegado Waldir Freire, que comandou a acareação dentro da penitenciária de Americano, ao final, disse estar convencido da participação de Bida como mandante do crime. "Não houve nenhuma novidade, as acusações foram repetidas e ratificam a participação do fazendeiro". O mesmo entendimento tem o promotor Lauro Freitas Júnior, para quem Bida, "recepcionou muito bem os pistoleiros em sua fazenda".

Américo Leal ingressou com habeas-corpus na Justiça paraense para que o fazendeiro responda ao processo em liberdade. O advogado alega que seu cliente é réu primário, tem residência fixa e bons antecedentes criminais.