Título: Fiorina é demitida do comando da HP
Autor: Renato Cruz, com AP, Reuters, EFE e Dow Jones
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2005, Negócios, p. B12

Conselho de administração decide tirá-la da presidência da empresa por não estar satisfeito com desempenho desde compra da Compaq Depois de cinco anos e meio à frente da empresa, Carly Fiorina foi obrigada ontem pelo conselho de administração a deixar a presidência da Hewlett-Packard (HP). Considerada até 2003 a mulher mais poderosa do mundo empresarial pela revista Fortune, a executiva também teve que renunciar ao posto de presidente do conselho. A HP vem apresentando resultados insatisfatórios desde que comprou a Compaq, em 2002. O conselho da empresa acusou Fiorina de não conseguir executar a estratégia de reduzir custos e ampliar receitas na velocidade esperada. Logo após o anúncio da demissão, as ações da fabricante de computadores chegaram a subir 10% na Bolsa de Nova York, na expectativa de que a saída da executiva abra espaço para que a lucrativa divisão de impressoras da HP seja transformada em uma empresa separada. "Apesar de lamentar que o conselho e eu discordamos sobre a maneira de executar a estratégia da HP, respeito sua decisão", afirmou Fiorina, de 50 anos, em um comunicado. "A HP é uma grande empresa e desejo a todo o pessoal da HP muito sucesso no futuro." Os conflitos entre Fiorina e os conselheiros começaram há mais de três anos . Eles eram contra a compra da Compaq, defendida por Fiorina. Desde que ela assumiu o comando, em julho de 1999, as ações da HP perderam 63% de seu valor. Ela foi a única mulher a dirigir uma das 30 empresas que integram o índice Dow Jones.

O diretor financeiro da empresa, Robert Wayman, foi nomeado presidente interino. A empresa já está à procura de um nome para ocupar o cargo em definitivo. Wayman disse que a HP não planeja reverter a fusão com a Compaq, mas acrescentou que o conselho não será inflexível a mudanças de estratégica. O executivo, que trabalha para a HP há 36 anos, também foi nomeado conselheiro. Ele disse que o conselho concordou em continuar com a estratégia da empresa de combinar em sua linha de produtos impressoras, computadores para empresas e computadores pessoais, e que não vai avaliar a possibilidade de cisão até que um novo presidente seja contratado.

O conselho de administração apontou Patricia Dunn para presidi-lo, sem assumir nenhum posto executivo. Vice-presidente do conselho do banco de investimento Barclays Global Investors, Patricia é conselheira da HP desde 1998. Dunn informou que o conselho espera que o novo presidente venha de fora da empresa, mas não descartou a possibilidade de uma solução interna.

O pacote de indenização de Fiorina soma US$ 21,1 milhões, segundo um porta-voz da companhia. Um plano aprovado pelo conselho da HP em 2003 previa que, se ela fosse dispensada sem motivo, receberia 2,5 vezes o seu salário acrescido bônus anuais. Com base nos rendimentos de Fiorina em 2003, o valor chegaria a US$ 8,4 milhões. Os motivos que elevaram a cifra a US$ 21,1 milhões não foram revelados, mas podem incluir benefícios relacionados a opções de ações.